Cura emocional: o processo terapêutico pode ser o “remédio” ou o veneno
28/06/2021
Quantas vezes você já ouviu alguém dizer que fez terapia e acabou se frustrando? Que não funcionou, o terapeuta não era bom, ou não gostou? Existem diversos relatos negativos relacionados à busca pela cura emocional. Mas qual o motivo de isso ser algo frequente?
Por que algumas pessoas parecem se beneficiar e outras, aparentemente, não sentem nenhum tipo de mudança em suas vidas? O que faz com que isso aconteça? Muitas vezes, uma única experiência ruim é o suficiente para criar barreiras quase indestrutíveis.
Com isso, a probabilidade de a pessoa querer retomar um processo terapêutico para curar suas feridas emocionais é muito pequena. Os muitos relatos de pessoas que não acreditam na eficácia da terapia são decorrentes de diversos motivos.
Uma má condução do terapeuta, a falta de clareza do que a pessoa pretende, a busca por parte do cliente por técnicas e soluções mágicas, ansiedade em querer resolver os conflitos internos de uma vida toda em uma única sessão e por aí vai… Contudo, em alguns casos, pode ser que os pacientes não estejam preparados para enfrentar o processo terapêutico e precisam ser conduzidos de acordo com o estágio da jornada que estão.
Muitos, aliás, buscam a cura emocional baseando-se em acontecimentos dos quais se lembram: uma decepção amorosa, a perda de um ente querido, desemprego, problemas familiares. Mas poucos estão dispostos a se aprofundar de forma real em sua história.
Afinal de contas, boa parte de todas as experiências que vivemos são apenas os reflexos de muitas vivências das quais sequer nos lembramos. Inclusive, o fato de as pessoas se frustrarem ou desiludirem com a terapia pode ter significados muito mais profundos e intensos do que se imagina.
Mas calma: eu vou te contar uma história e talvez fique mais fácil entender porque a terapia para alguns é o remédio enquanto para outros é um veneno!
Joana, a paciente que não achava cura emocional em nenhuma terapia
O pior dano que uma terapia pode causar é a desilusão. Quando isso acontece, ao invés de ser o remédio para a cura emocional, a terapia se torna o veneno. Quando os pacientes têm uma expectativa irreal sobre o processo, as coisas não saem como esperavam.
Foi isso o que aconteceu em uma ocasião. Tempos atrás eu atendi a cliente – que chamaremos de Joana – em uma sessão online, pois ela morava em uma região distante da minha. Na primeira sessão, a internet estava muito instável. Por conta disso, precisou ir até o centro da cidade para que pudéssemos conversar.
O lugar era movimentado e muitas pessoas passavam atrás dela, havia muito ruído e, obviamente, não era o ambiente mais adequado para nosso encontro. Conforme aquela sessão foi avançando, isso começou a se perder.
Fomos entrando em uma conexão intensa e pudemos tocar coisas profundas. O que estava à volta parece, de fato, ter dado espaço para um “mundo paralelo”. Ela passou a ter insights, se emocionou e fez muitos links sobre a sua vida.
Depois daquele primeiro encontro, meio conturbado, as outras sessões aconteceram em sua casa, um local muito mais propício para o que nos propusemos a fazer. A Joana, porém, também é terapeuta e conhecedora de diversas abordagens diferentes. Inclusive já havia passado por algumas, mas segundo ela mesma: “todas as suas buscas pela cura emocional foram tentativas frustradas!”
Isto por si só já traz muitas informações implícitas contidas. O que, no fundo, a Joana estava buscando, que em momentos precoces da vida dela, não conseguiu e se frustrou?
Foi então que eu percebi o que estava acontecendo
As respostas vieram muito antes do que eu imaginava. Conforme o processo terapêutico da Joana ia seguindo, passamos a adentrar em camadas muito profundas. E quanto mais íamos acessando essas memórias enraizadas, menos ela se conectava com o que estava acontecendo.
Isso foi logo nas primeiras 4 sessões. Hoje, com mais experiência, tenho consciência de que fomos rápido demais. A Joana não estava preparada para lidar com algumas questões, era preciso mais tempo.
Tocar feridas profundas, dependendo do grau em que atinge cada um, é um processo que pode levantar defesas inconscientes. Hoje tenho a consciência de que estão lá por um bom motivo. Acredite: não é nada fácil acessar as memórias que nos machucaram de forma intensa. E claro, mais uma vez ela se sentiu frustrada e desiludida com o processo terapêutico.
Porém, em uma das vezes que avançamos um pouco mais em sua história, ela relatou uma dinâmica disfuncional com o seu pai. Era nítido o quanto ela demonstrava sua frustração e desilusão com a maneira que eles tinham de se relacionar, com a forma como o seu pai lidava em relação a ela.
Então, provavelmente existia uma transferência dessa expectativa ilusória em relação ao seu pai para os processos terapêuticos pelos quais ela passou. Sabe por quê? Nada do que vivenciamos passa ileso. Nossas experiências e aprendizados, muitas vezes incorretos e incompletos, refletem em diversos âmbitos de nossas vidas.
Não importa quando tenham ocorrido. Principalmente os acontecimentos da infância e do período gestacional exercem influência em nosso modo de ser, pensar, agir e lidar com questões distintas que se apresentem ao longo da nossa jornada.
No caso da Joana, as expectativas irreais sobre o seu pai impactaram até mesmo na sua busca pela cura emocional. Esse impacto, portanto, a impede inclusive de se permitir ir além e explorar a sua história.
Transformar o veneno em remédio é possível
Nada é para sempre. Ao menos as coisas ruins não precisam ser. Para isso, é preciso aprender a ressignificar os episódios que podem ter deixado marcas negativas. É fundamental conhecer-se em essência, saber sobre a própria história.
Entender contextos que podem ter deixado aprendizados incorretos, vivências que nos distanciam de nós mesmos e formulam crenças, muitas vezes limitantes, sobre a maneira como devemos lidar com o mundo à nossa volta. Aliás, as crenças são profecias autorrealizáveis quando não trazidas à consciência.
Ou seja, a tendência de repetir os padrões impostos por elas se torna muito provável, o que acaba as reforçando ainda mais. Contudo, é possível transformar o veneno em remédio para a cura emocional se as feridas forem tocadas no ritmo certo.
Basta se abrir para todas as possibilidades, respeitar o seu tempo e se entregar para as diferentes experiências que a jornada em busca da transformação pode proporcionar. E claro, se preparar para lidar com dinâmicas profundas que podem (re)aparecer durante o processo terapêutico. Hoje, aliás, uma premissa no meu trabalho é que “devagar é mais rápido”.
Caso contrário, o paciente poderá se frustrar, desiludir e passar o restante da vida preso a memórias nocivas e tóxicas. Essas, por sua vez, impedem de ir além e se libertar desses emaranhados. Lembre-se: muitas vezes aquilo que você acredita ser o problema é apenas o sintoma do seu real problema.
E tem uma coisa que eu preciso dizer: agradeço a todos os meus clientes, tanto em sessões e vivências terapêuticas, pois me ensinaram e continuam me ensinando sempre. Não a ser somente um terapeuta melhor, mas uma pessoa melhor, um ser humano mais evoluído. Muito do que eu divido nos meus conteúdos só é possível por conta dessas trocas.
Portanto, tenho um convite especial para fazer: conheça mais sobre o meu workshop online MIRE – Método Integrativo de Reconexão do EU. Por meio dele, você pode (no seu tempo) se aproximar da cura emocional que tanto gostaria de alcançar. Acesse camadas e feridas mais profundas das quais talvez você nem saiba que existam.
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