Feridas Primordiais: A Raiz Oculta dos Padrões que se Repetem na Vida Adulta

17/04/2025
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William Emerson e Frank Lake defendiam que, na Psicologia Pré e Perinatal, apenas ao acessar e integrar a ferida central é possível alcançar verdadeira libertação.
Mas afinal, o que exatamente significa uma ferida primordial?
Ela é, na verdade, a primeira impressão traumática que se torna a matriz de padrões que se repetem ao longo da vida. Essas feridas, com frequência, ocorrem nos períodos pré e perinatais, quando o bebê, ainda sem defesas para lidar com as adversidades, é especialmente vulnerável.
Caso essa ferida não seja acessada e elaborada corretamente, então a pessoa passará a vida inteira recriando experiências semelhantes, tentando, inconscientemente, resolver algo que está no nível mais profundo de sua psique e do seu corpo.
Para ilustrar, o caso de Paul é um exemplo real do impacto dessas feridas.
Paul passou dez anos em psicoterapia e terapia somática tentando tratar sua impotência sexual, mas sem sucesso.
Foi então que ele procurou William Emerson, já sem esperança, para uma última tentativa.
Emerson sabia que problemas de impotência geralmente têm suas raízes na concepção biológica.
Durante a sessão de regressão, Paul “viu” seu pai forçar sua mãe a ter relações sexuais. Ele descreveu a cena com horror:
- “Foi tão nojento. Primeiro, ele ficou bravo e deu um tapa nela porque ela disse não ao sexo. Em seguida, ele a forçou a se deitar e amarrou suas mãos na grade da cama. Depois disso, obrigou-a a ingerir álcool, tentando deixá-la mais maleável. No entanto, ela ainda resistia. Apesar disso, ela estava tão apavorada que seus órgãos genitais estavam frios e secos — mesmo assim, ele a penetrou à força. Foi horrível.”
Essa cena, segundo Paul, foi a origem do padrão que ele repetiu por toda a vida.
Na sequência, Emerson o regrediu ao nascimento.
Mais uma vez, a história se repetia:
“De modo geral, meu nascimento foi um estupro. Eles me inundaram com drogas, me arrastaram para fora, forçaram sua vontade sobre mim. Depois, cortaram meu pênis sem anestesia. Fizeram tudo o que quiseram.”
Essa experiência de violação marcou profundamente sua existência.
Consequentemente, o padrão se manifestava em todas as áreas da sua vida:
– Sem a sua vontade, foi ao exército e para a guerra.
– Ele se casou à força, pois sua namorada engravidou.
– Foi forçado a se submeter a ordens que o violentavam emocionalmente.
– E, ao longo da vida, ele violava outras pessoas em suas relações sexuais, perpetuando aquilo que viveu.
Sua concepção violenta foi a ferida central que determinou seus sintomas.
Portanto, somente quando essa ferida fosse acessada e processada corretamente, ele poderia se libertar desse ciclo.
Nenhum dos tratamentos que ele havia feito antes alterou sua impotência. Foi somente ao acessar essa memória e integrá-la que ele, finalmente, conseguiu se libertar do peso dessa dor inconsciente.
Dessa forma, se as feridas primordiais não forem tratadas com precisão e cuidado, a pessoa não consegue se libertar dos padrões que as acompanham.
É como uma casa: se há podridão na fundação, ela nunca estará segura até que a raiz do problema seja removida e a base seja reparada.
Duas coisas são essenciais aqui. O primeiro ponto é: por que a experiência do nascimento trouxe a mesma sensação que a experiência da concepção?
Isso acontece devido ao princípio das recapitulações. As experiências dos primeiros estágios da vida tendem a se repetir em fases posteriores, como um eco que ressoa através do tempo. Por essa razão, ao buscarmos a raiz de um padrão persistente, precisamos ir além do nascimento e, consequentemente, explorar os estágios mais iniciais da existência: pré-concepção, jornada do esperma e do óvulo, concepção e implantação.
Muitas vezes, acreditamos que as primeiras impressões da nossa psique estão na gestação e no nascimento. De fato, há casos em que isso se confirma. Contudo, na maioria das vezes, essas experiências são reverberações de registros ainda mais antigos. Portanto, se queremos trabalhar verdadeiramente uma ferida primordial, é essencial aprofundar-se até sua origem.
Por exemplo, disfunções sexuais frequentemente estão ligadas à experiência da concepção como ferida central. Ainda assim, algumas pessoas conseguem aliviar seus sintomas apenas tratando seus traumas de nascimento. Entretanto, quando esse nível de intervenção não é suficiente, é necessário ir ainda mais fundo, chegando à matriz original da experiência.
O Caso de Perla: Como a Cura Acontece na Prática
Perla, por sua vez, iniciou sua busca por terapia devido à dor constante durante as relações sexuais, que afetava profundamente seus relacionamentos. Antes disso, ela havia tentado diversas abordagens terapêuticas, porém nunca encontrou uma solução.
Já durante a primeira sessão, Perla revelou que havia nascido prematura, e logo sentimos a energia do nascimento preencher a sala. Na sessão seguinte, ela experimentou prazer pela primeira vez em sua vida, após um processo intenso e libertador.
Assim, a história de Perla ilustra como o nascimento pode refletir a experiência da concepção. Contudo, a liberação do sintoma não foi suficiente. Perla ainda sentia medo de que a dor voltasse, devido ao estado de alerta do seu sistema nervoso.
Com o avanço do processo terapêutico, nas sessões seguintes, Perla acessou a experiência da concepção. Nesse momento, ela se lembrou de uma história que sua mãe lhe contara, sobre a dor emocional que sentia devido ao comportamento do pai. De forma sutil porém impactante, essa dor foi transmitida a Perla no momento da concepção e se tornou uma ferida primordial.
A partir do momento em que acessou essa memória, Perla se libertou do medo da dor voltar e da sensação de rejeição do pai. Como resultado, ela pôde vivenciar a intimidade de maneira plena — algo que nunca havia experimentado antes.
O Período Pré-Natal é o Mais Vulnerável
Muitas pessoas acreditam que a vida intrauterina é um período perfeito e protegido, onde todas as necessidades do bebê são satisfeitas. Entretanto, essa visão é um mito.
Na verdade, o bebê experimenta um mundo interno extremamente sensível e está em contato direto com os estados emocionais da mãe e do ambiente externo.
Por exemplo, se a mãe está ansiosa, o bebê sente ansiedade. Se os pais estão em conflito, o bebê sente o impacto da tensão. Se há rejeição ou dúvidas sobre a gravidez, ele recebe essa rejeição diretamente.
Além disso, quanto mais os pais reprimem suas emoções, mais isso permeia o bebê.
Vale destacar que o bebê não possui defesas sofisticadas para lidar com essas emoções intensas.
Consequentemente, se o ambiente não é seguro, ele começa a acreditar que a vida é um lugar perigoso desde antes do nascimento.
Frank Lake uma vez disse:
“O estresse da vida e os traumas dos pais se movem pelo cordão umbilical e pela placenta sem interferência, confundindo e distorcendo o mundo psíquico do bebê.”
Ou seja, o bebê sente tudo, porém, não tem como processar sozinho.
Memórias Pré-Natais e o Poder da Lembrança
Muitos acham difícil acreditar que os bebês tenham consciência e memória. Contudo, há inúmeros relatos que provam o contrário.
Um exemplo claro disso é o caso de Albert, que, aos 4 anos, teve uma memória de nascimento surpreendente.
Certo dia, Albert saiu do dentista com uma expressão sombria. Sua mãe, preocupada, perguntou se ele estava bem. Ele respondeu:
“Mamãe, meu pescoço dói. Por que eles colocaram a mangueira no meu pescoço?”
Ela explicou que provavelmente o dentista moveu o tubo contra seu pescoço.
No entanto, Albert insistiu:
“Não, mamãe. Não foi no dentista. Foi no hospital. Isso me sufocou muito.”
Diante disso, a mãe ficou chocada.
O motivo do seu espanto é que ele nunca esteve em um hospital — exceto no dia do nascimento.
Posteriormente, ao verificar seus registros médicos, descobriu que ele nasceu com o cordão umbilical enrolado no pescoço e ficou azul devido à falta de oxigênio.
Portanto, esse caso mostra claramente que Albert estava misturando sua experiência no dentista com a memória inconsciente do seu nascimento.
Curar Feridas Primordiais Não é Apenas “Acessar” a Memória
A elaboração de traumas tão profundos não se trata apenas de acessar e entender a experiência. Inicialmente, muitas pessoas acreditam que basta recordar e reviver a memória para que a cura aconteça.
No entanto, a verdade é que a forma como essa memória é acessada e processada é determinante para o processo de cura.
Isso porque experiências traumáticas ativam respostas fisiológicas, emocionais e energéticas muito intensas. Dessa forma, se essas memórias forem acessadas sem o devido manejo, a pessoa pode:
-
Ficar retraumatizada, revivendo a dor sem resolvê-la.
-
Criar defesas ainda mais fortes, tornando-se resistente ao processo terapêutico.
-
Confundir memória e fantasia, distorcendo sua percepção e perdendo a confiança no próprio sentir.
Portanto, a terapia de traumas primordiais exige um conhecimento altamente especializado. Ela precisa ser conduzida com presença, precisão e segurança, respeitando o tempo e os limites do corpo e da psique. Justamente por isso, torna-se essencial compreender cada estágio do desenvolvimento — e todas as suas possibilidades, que vão desde experiências neutras até vivências traumáticas e chocantes — desde a pré-concepção até o nascimento.
Além disso, vale destacar que as feridas primordiais são a base de todas as outras feridas. Assim, se a raiz não for tratada corretamente, os padrões vão continuar se repetindo, não importa quantos anos de terapia a pessoa faça.
Por essa razão, a cura de feridas primordiais não é apenas um processo psicológico. Muito além disso, ela é um trabalho profundo de integração entre corpo, mente e espírito, onde a presença terapêutica é essencial para guiar o cliente com segurança e precisão pelo caminho da verdadeira transformação.
Conclusão e Convite para a Vivência e Formação em Cura de Feridas Pré e Perinatais
As feridas primordiais não são apenas traumas isolados do passado; pelo contrário, elas são padrões enraizados no corpo e no sistema nervoso, moldando a forma como nos relacionamos conosco, com os outros e com o mundo. Essas feridas atuam como um campo invisível, influenciando nossas escolhas, reações emocionais e até sintomas físicos, muitas vezes sem que tenhamos plena consciência disso.
Portanto, se a raiz do trauma não for acessada e processada corretamente, ele continuará a influenciar padrões de comportamento, emoções e até sintomas físicos — mesmo que se tente resolvê-lo apenas por meio da mente racional.
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📌 Referências Bibliográficas
William Emerson – Estudos sobre trauma de nascimento, terapia somática pré e perinatal e impacto das memórias primordiais.
Frank Lake – Psicologia Matricial e impacto do trauma perinatal no desenvolvimento da personalidade.
David Chamberlain – The Mind of Your Newborn Baby – Descobertas sobre a consciência e memória dos bebês no útero e ao nascer.
Thomas Verny – The Secret Life of the Unborn Child e The Embodied Mind – Estudos sobre percepção fetal e memória celular.
Ray Castellino – Desenvolvimento da Terapia Baseada em Campo e abordagens somáticas para a cura de traumas primordiais.
Arthur Janov – Imprints: The Lifelong Effects of the Birth Experience – Como experiências pré e perinatais impactam a vida adulta.
Leslie LeCron e David Cheek – Hipnoterapia e acesso às memórias inconscientes por meio de respostas ideomotoras.
Rachel Yehuda – Estudos sobre epigenética do trauma e transmissão intergeracional de experiências traumáticas.
Essa é a ciência e a prática da transformação profunda.
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