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Psicologia Pré e Perinatal (PPN) x Renascimento: A Diferença Profunda Que Você Precisa Entender

Psicologia Pré e Perinatal (PPN) x Renascimento: A Diferença Profunda Que Você Precisa Entender

02/04/2025

É comum que muitas pessoas confundam a Psicologia Pré e Perinatal (PPN) com o Renascimento, acreditando que se trata da mesma coisa ou que têm funções e objetivos similares. Essa confusão é compreensível, especialmente porque ambas as abordagens podem envolver processos de regressão e contato com experiências iniciais da vida. No entanto, é essencial esclarecer que a PPN é muito mais ampla e profunda do que simplesmente reviver um momento específico do nascimento ou da gestação.

Muitas pessoas que conhecem meu trabalho dizem que sabem o que eu faço porque já passaram por experiências de Renascimento. Eu costumo dizer que, embora o Renascimento possa ser uma técnica valiosa para acessar memórias e emoções reprimidas, a Psicologia Pré e Perinatal não se trata apenas de reviver uma experiência do nascimento ou até mesmo da gestação. É um campo que investiga como todo o período pré e perinatal – desde a concepção, passando pela gestação, o nascimento e o período pós-natal – influencia profundamente nossa saúde emocional, física e espiritual.

Além disso, a PPN não é um processo voltado exclusivamente para acessar e reviver memórias. Ela é sobre compreender como essas experiências foram registradas no corpo, como elas influenciam nossa maneira de estar no mundo hoje e, principalmente, como podemos metabolizar e transformar essas experiências para viver com mais autenticidade e liberdade.

Vamos explorar cada uma dessas abordagens em detalhes e, para facilitar ainda mais o entendimento, vou trazer uma analogia poderosa que ajudará você a visualizar claramente por que a Psicologia Pré e Perinatal é muito mais do que técnicas de regressão ou Renascimento.

O Que é Renascimento (Rebirthing)?

O Renascimento é uma técnica de respiração consciente e conectada, desenvolvida por Leonard Orr na década de 1970. Seu propósito é acessar e liberar emoções reprimidas e padrões inconscientes armazenados no corpo através de uma respiração contínua e ritmada. Leonard Orr desenvolveu o Renascimento inspirado pela Respiração Holotrópica de Stanislav Grof, uma técnica voltada para acessar estados não-ordinários de consciência e explorar o inconsciente profundo. No entanto, enquanto a Respiração Holotrópica se concentra mais em uma experiência terapêutica ampla, o Renascimento se especializou na experiência de renascer, ou reviver o momento do nascimento como um ponto central de transformação.

Benefícios do Renascimento:

  • Alívio emocional imediato
  • Sensação de bem-estar e relaxamento profundo
  • Experiências de insights e estados alterados de consciência

What is Rebirthing Breathwork? – rebirthingbreathwork.net

Limitações do Renascimento:

Embora seja eficaz na liberação de emoções reprimidas, o Renascimento é principalmente focado na experiência do nascimento. Ele oferece um vislumbre sobre memórias traumáticas, mas não fornece um mapeamento completo das experiências primordiais que influenciam nossa vida de forma tão profunda.

Além disso, o Renascimento pode ser prejudicial para pessoas que possuem choques profundos desde pré-concepção, gestação e nascimento. Vou ilustrar isso com uma experiência que presenciei pessoalmente:

Certa vez, eu estava trabalhando com um casal num grupo terapêutico. Eu já havia trabalhado com aquela mulher algumas vezes e era a primeira vez de seu namorado. Durante o tempo que passei com ele, percebi vários sinais de choques pré e perinatais. A namorada havia comentado que ele participaria de uma experiência de Renascimento. Eu sugeri que ele não fosse, pois havia indícios claros de choques pré-natais e a experiência poderia não ser benéfica.

Entretanto, ele já havia pago pelo curso e decidiu ir de qualquer forma. Durante o Renascimento, ele começou a passar mal, apresentou falta de ar, foi tomado por um pânico intenso e, posteriormente, desenvolveu uma urticária generalizada. A namorada me relatou que, além de tudo isso, parecia que ele não havia acessado nada durante a experiência. Eu expliquei que, por conta dos choques intrauterinos, o sistema dele se sobrecarregou, e essa sobrecarga resultou nos sintomas físicos e emocionais. O fato de ‘não acessar nada’ é, na verdade, parte do mecanismo de dissociação – uma resposta adaptativa do sistema nervoso que se desliga para se proteger do excesso de estímulo. Já vi muitos terapeutas insistirem na respiração quando o cliente não acessa nada, sem perceber que esse é um sinal óbvio de dissociação. Mesmo que, em algum momento, algo seja acessado, o preço a se pagar é muito alto, pois o sistema nervoso é retraumatizado em vez de ser curado de maneira adequada e gradual.

Técnicas como o Renascimento podem ser muito boas para abrir essas camadas reprimidas de uma única vez, e irão ter pessoas que vão se beneficiar do processo porém outros irão retraumatizar o sistema ao invés de promover a cura. Não estou dizendo que o Renascimento não ajuda ninguém; ele pode ser benéfico para pessoas sem grandes traumas de choque. No entanto, para aqueles que possuem choques profundos, o risco de retraumatização é significativo.

Outro ponto importante é que o Renascimento, mesmo sendo uma técnica que trabalha o nascimento, não explora em profundidade os 4 estágios do nascimento:

  1. Preparação e início
  2. Virada
  3. Passagem
  4. Saída e vínculo

Além de não elaborar as respostas interrompidas do nascimento. Apenas liberar emoções não é suficiente – é necessário acessar o corpo e deixar ele despertar o instinto biológico interrompido do nascimento. Questões profundas como choques de anestesia, indutores de contração e outros traumas específicos não podem ser devidamente elaborados através do Renascimento.

Diferença Entre Choque e Trauma:

A Terapia Somática PPN utiliza diversas abordagens para auxiliar o indivíduo a trazer à superfície memórias traumáticas ou chocantes de maneira segura e gradual. É importante entender que traumas e choques diferem na forma como impactam o sistema nervoso e, por isso, exigem intervenções distintas.

No caso de um trauma, as defesas do organismo permanecem completamente ativas, como mecanismos de proteção que bloqueiam o acesso consciente à experiência dolorosa. Abordagens mais invasivas podem ser úteis para quebrar essas barreiras e permitir que o material reprimido seja trazido à consciência.

Por outro lado, quando se trata de um choque — que é uma experiência tão intensa que o sistema nervoso entra em colapso, e suas defesas naturais falham — a resposta adaptativa geralmente é a dissociação. O sistema se desliga, fragmenta-se e perde a capacidade de reagir adequadamente. Nessas situações, técnicas invasivas não apenas falham em trazer o material à tona, mas também reforçam o padrão de dissociação ou jogam o indivíduo diretamente no vórtice do trauma, sem qualquer suporte ou segurança. Isso contribui para a retraumatização, tornando o processo ainda mais difícil.

Abordagens da Terapia Somática PPN, como toques de contenção, posturas específicas e gestos cuidadosamente aplicados, são essenciais para trabalhar com esses estados de maneira compassada e gradual. Em vez de pressionar o sistema nervoso a reviver a experiência de forma descontrolada, essas técnicas ajudam a reconstruir a ponte de segurança necessária para que o sistema possa processar o que foi vivido, um pouco de cada vez.

O foco está em ajudar o sistema nervoso a reorganizar-se, elaborando o que antes era insuportável ou inacessível. Assim, ao invés de causar dissociação, o trabalho conduz a uma verdadeira integração da experiência, devolvendo ao indivíduo a capacidade de sentir, perceber e reagir de forma saudável e integrada.

Essa abordagem respeita o tempo e os limites do sistema nervoso, permitindo que a cura ocorra de maneira sustentável e profunda.

A Analogia do Rio da Vida

Imagine que sua vida é como um rio que nasce de uma fonte pura e cristalina nas montanhas mais remotas. Essa nascente representa o seu momento de pré-concepção, onde a essência de quem você é começa a se manifestar. É um lugar de pureza e potencial ilimitado.

À medida que o rio começa sua jornada, ele atravessa diferentes terrenos – ora suaves e acolhedores, ora pedregosos e turbulentos. Este trajeto inicial simboliza a gestação, onde o rio encontra paisagens que influenciam profundamente o seu curso: ambientes saudáveis promovem um fluxo contínuo, enquanto ambientes hostis ou instáveis podem deixar marcas permanentes no seu trajeto.

Quando o rio chega às cachoeiras mais desafiadoras – o nascimento – ele enfrenta uma queda abrupta e intensa. A maneira como o rio atravessa essa passagem determina como ele fluirá em direção às planícies seguintes. Se a queda é interrompida, se o fluxo é bloqueado ou desviado bruscamente, o rio perde sua naturalidade e força.

Agora, imagine que esse rio continua seu caminho, carregando as marcas de cada experiência. Árvores caídas, pedras pontiagudas, lama e entulhos começam a acumular-se, dificultando o fluxo. Técnicas terapêuticas como o Renascimento funcionam como pessoas que caminham ao longo do rio, retirando os galhos e entulhos, alguns  visíveis da superfície, outros mais profundos. Isso ajuda, sem dúvida, a liberar parte do fluxo, trazendo um alívio imediato e aparente.

Mas o problema é que, mesmo após essa limpeza, o rio continua trazendo impurezas, suas águas permanecem turvas e o fluxo é limitado. Por quê? Porque a nascente foi contaminada e partes do percurso profundo continuam bloqueadas.

A Psicologia Pré e Perinatal (PPN), por outro lado, não é apenas um trabalho de remoção de entulhos. Ela é como um processo profundo de restauração do rio em sua totalidade. É como seguir o curso do rio até suas raízes mais remotas – aquela nascente pura e cristalina – e perceber o que a contaminou. É limpar as águas na sua origem, revitalizar seu potencial primordial e restaurar seu curso natural para que ele possa fluir com integridade e força.

Além disso, a PPN compreende que cada curva, cada queda, cada desvio do rio representa uma experiência única que deve ser elaborada e integrada. Não basta apenas limpar as margens; é preciso garantir que a água possa fluir livremente, encontrando seu caminho natural, sem ser constantemente desviada ou obstruída.

Agora, imagine que esse rio finalmente chega ao oceano, mas nunca experimentou seu verdadeiro poder de fluxo. Só quando todo o percurso é revisitado, integrado e restaurado, ele pode finalmente alcançar o oceano com a plenitude de sua força, pureza e propósito.

Resumo e Conclusão:

A Psicologia Pré e Perinatal (PPN) oferece um trabalho muito mais abrangente e seguro para acessar memórias precoces. Ela investiga desde a pré-concepção, passando pela gestação, nascimento e pós-nascimento. É um trabalho que permite que o sistema nervoso elabore e reorganize experiências traumáticas ou chocantes de maneira gradativa e sustentável.

Embora o Renascimento possa proporcionar alívio emocional para algumas pessoas e até liberar material reprimido, é muito arriscado utilizar uma técnica única para todas as situações. A PPN, por sua vez, é um método muito mais completo e cuidadoso, capaz de respeitar as características únicas de cada cliente e trabalhar de forma progressiva, garantindo uma elaboração genuína e segura dos traumas mais profundos. Eu mesmo já passei por várias experiências de Renascimento e, embora tenham sido positivas em certo nível, elas não se comparam à profundidade, precisão e segurança que a PPN oferece.

Como profissional que preza profundamente pela segurança e bem-estar dos meus clientes, escolho a PPN como abordagem principal justamente por sua capacidade de integrar camadas profundas de trauma sem forçar o sistema nervoso além de sua capacidade de processamento. É um trabalho que proporciona verdadeira transformação e cura sustentável.

Convite:

 Se você quer ir além do que o Renascimento e outras técnicas podem oferecer, é essencial olhar para o todo — desde a pré-concepção até o nascimento e pós-nascimento. Esse trabalho profundo é o que realizamos na Vivência Pré e Perinatal, a única imersão no Brasil baseada na Terapia Somática PPN. Um processo que não força o sistema, mas respeita seu ritmo, ajudando você a acessar e elaborar essas camadas profundas de trauma com segurança e precisão.

Se você é profissional da saúde, terapeuta ou psicólogo e deseja aprender como guiar seus clientes nesses processos transformadores, te convido a conhecer nossa Formação em Cura de Feridas Pré e Perinatais, a maior da América Latina.

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Referências Bibliográficas:

  • Emerson, W. (2000). Birth Trauma: The Psychological Effects of Obstetrical Interventions. Journal of Prenatal & Perinatal Psychology & Health, 15(1).
  • Emerson, W. (2003). Pre- and Perinatal Psychology: An Introduction to the Evolution of Consciousness. Journal of Prenatal & Perinatal Psychology & Health, 18(1-2).
  • Orr, L. (1977). Rebirthing in the New Age. Celestial Arts.
  • Grof, S. (1985). Beyond the Brain: Birth, Death, and Transcendence in Psychotherapy. State University of New York Press.
  • Verny, T. & Weintraub, P. (1981). The Secret Life of the Unborn Child. New York: Dell Publishing.
  • Castellino, R. (2005). The Impact of Prenatal and Birth Experiences on Psychotherapy and the Therapist. Journal of Prenatal & Perinatal Psychology & Health, 19(2).
  • Lake, F. (1981). Tight Corners in Pastoral Counselling: Research Studies in Pastoral Care and Counselling. London: Darton, Longman & Todd.

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