Fazer Constelação Familiar é perigoso?

16/10/2020
Você conhece o método psicoterapêutico de Constelação Familiar? Já teve contato com essa prática? Sabe exatamente como funciona e como interfere na vida das pessoas? Desculpa, podem parecer muitos questionamentos mas eles podem ser essenciais para a leitura do conteúdo de hoje. Ele foi inspirado no fato de que recentemente me deparei com muitos comentários do tipo “fazer constelação familiar é perigoso”.
E isso aconteceu por conta de um vídeo postado em que uma PHD em física fez críticas sobre o trabalho de Constelação Familiar. Acredito que essa pessoa nunca deve ter participado de uma prática e talvez não tenha pesquisado mais a fundo sobre sobre o tema.
Apesar de respeitar a opinião dela, afinal de contas, todos somos livres para termos nossas próprias percepções, resolvi fazer esse conteúdo para responder se: “fazer constelação familiar é perigoso?” De acordo com as minhas experiências e vivências, é claro.
Meu objetivo não é convencer ninguém sobre nada, apenas quero me posicionar e informar sobre isso. Porém, não vejo como uma técnica psicoterapêutica que objetiva ajudar pessoas a resolverem seus conflitos internos possa representar perigo.
E, por falar nisso, o que realmente é perigo?
Se parar para pensar essa é uma questão muito relativa, e até mesmo íntima, que está diretamente ligada às percepções de cada pessoa. Por exemplo: para você andar de avião pode ser perigoso enquanto para outros não representa perigo algum. Uma lagartixa pode ser “altamente perigosa” para pessoas que tenham fobia e totalmente amáveis para os biólogos. Ou seja, algumas situações para alguns podem representar perigo iminente enquanto outras sequer se importam com aquilo.
É claro que não estou falando aqui de casos extremos e que realmente colocam a vida das pessoas em risco, esses são unânimes e perigosos para todos. Falo de situações como essas, que eu citei, e que também pode incluir a própria temática de hoje. Para uns Constelação Familiar pode parecer perigoso para outros, não. Pois cada um, dentro de si, têm percepções distintas baseados em suas experiências e aprendizados sobre determinada situação.
Por isso lá em cima eu perguntei se você já teve contato com essa prática. Isso ajuda a definir melhor a SUA visão sobre isso, de acordo com a SUA perspectiva. Mas, de qualquer forma eu vou expor o que eu penso baseado nas minhas vivências com essa técnica.
Por que a Constelação Familiar seria perigosa?
Bem, de acordo com a PHD em física que levantou essa polêmica, um dos apontamentos está relacionado ao fato de essa técnica não ser reconhecida pelos conselhos federais de medicina ou psicologia. Porém, existe um curso de especialização em Constelação Familiar oferecido pelo próprio Conselho Federal de Psicologia. De modo mais amplo ela não é “oficialmente reconhecida” por não haverem estudos científicos para isso. Mas ok, também não quero ficar me prendendo nessas questões e rebater o que foi dito.
Tudo bem que existam mitos em relação a Constelação Familiar, como por exemplo, ser algo de cunho religioso, espiritual, místico, sobrenatural. Mas, não! Não tem nada a ver com isso. Esse é um processo psicoterapêutico desenvolvido pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger , o pai da Constelação Familiar.
Como tudo começou…
A pesquisa sobre o fenômeno da representação teve início em 1978, ou seja, diferentemente do que se acredita essa não é uma técnica nova. Por meio de seus estudos Bert Hellinger descobriu as ordens básicas da vida, que são as “Ordens do Amor” e que formam a base da Constelação Familiar.
São elas:
O pertencimento: todos têm o mesmo direito de pertencer à família
De maneira alguma um indivíduo pode ser excluído ou privado desse sistema familiar. Caso isso ocorra, por qualquer motivo, haverá o desequilíbrio do sistema
A hierarquia: o mais velho precede o mais novo
Os que chegaram antes em nosso sistema familiar têm precedência sobre aqueles que vieram depois deles. Se por algum motivo alguém quebrar essa ordem, tentando “ocupar o lugar de outro”, também haverá desordem no sistema.
O equilíbrio: entre dar e receber
Qualquer relacionamento, seja entre pais e filhos, entre casais, amigos, enfim, qualquer relação precisa de um equilíbrio. Pois se isso não ocorre aquele que dá mais e não recebe o mesmo pode acabar se magoando. E quem recebe muito e pouco dá se sente em dívida. Ou seja, o desequilíbrio ocorre em ambas as partes, por isso é importante equilibrar aquilo que se recebe com o que se dá.
Objetivo da Constelação Familiar
Muitos dos conflitos internos existentes estão atrelados à crenças que herdamos de nossos familiares e acabam nos mantendo presos a esse passado. Essas crenças ficam armazenadas em nosso inconsciente e hora ou outra dão as caras em nossas vidas influenciando nosso comportamento e nosso posicionamento diante do mundo.
Ao constelar, portanto, essas crenças, até então ocultas, podem ser visualizadas, questionadas, entendidas e finalmente libertas. Abrindo espaço para que a pessoa consiga, finalmente, trilhar sua própria jornada.
Se você acompanha meus conteúdos no blog, no YouTube ou nas redes sociais, sabe que existe uma relação muito grande de nossos problemas emocionais com o sistema familiar. E por isso essa prática pode guiar as pessoas no processo de encontrar respostas para muitos problemas que possam surgir ao longo de sua vida.
Independentemente do motivo pelo qual a pessoa busque o suporte dessa técnica elas sempre irão tratar, de alguma forma, da vida e da morte, de ser ou não ser. A partir disso as pessoas percebem um movimento interior que as impulsiona, de forma análoga, em direção à vida.
E como a constelação é feita?
Essa dinâmica pode ser feita em grupo ou individualmente e durante as sessões são recriadas algumas cenas que ajudam a lidar com sentimentos e emoções (mesmo ocultos) que a pessoa tenha em relação ao seu sistema familiar. Quando essa abordagem é feita em grupo existe então o constelador, os participantes e o constelado. Nesse caso, os participantes são voluntários que ajudam na construção da cena.
É importante dizer, entretanto, que esses voluntários, a princípio, sequer tem ciência sobre o seu papel. E mesmo sem relação direta com a constelação em questão, não estão ali por coincidência. Sem saber acabam, de alguma forma, lidando com suas próprias questões pessoais. É como um fenômeno, realmente, e é até difícil de explicar. Somente quem vive essa experiência consegue entender do que se trata. E mesmo assim é bem capaz de não conseguir transmitir para outras pessoas o que foi vivenciado.
Quando as sessões ocorrem individualmente são utilizados bonecos ou qualquer outro recurso disponível que caracterize as pessoas envolvidas na situação a ser constelada, sendo substitutos dos voluntários.
Entretanto, cada profissional tem uma abordagem e uma técnica a ser explorada. Assim como cada pessoa se sente mais à vontade e melhor conduzida por cada uma delas. E isso acontece em qualquer tipo de terapia, até mesmo as mais “convencionais”.
E a parte de que fazer constelação familiar é perigoso?
Pois bem! Ela pode ser perigosa se você considerar que curar suas feridas mais profundas seja um risco. Que buscar o autoconhecimento seja um perigo. Mas, se de fato, o objetivo é ajudar a encontrar respostas para conflitos internos, não parece meio contraditório dizer que fazer Constelação Familiar é perigoso?
Talvez até machuque superficialmente conseguir visualizar de onde vem boa parte de seus problemas, mas as mudanças a partir de reflexões sinceras e realistas curam feridas que são muito mais profundas que essas.
Então, fazer Constelação Familiar é perigoso se você não estiver preparado para uma transformação interna, pois essa é uma ferramenta muito poderosa para você se conhecer mais profundamente. Além de ajudar a melhorar sua percepção sobre a família, sobre seu ser e ter o entendimento de que é possível uma nova maneira de encarar a vida.
Se você preferir pode aproveitar para assistir na íntegra a Live que eu fiz abordando mais sobre essa temática. Eu expliquei de forma dinâmica todos os estudos e embasamentos teóricos sobre a Constelação Familiar. Confira abaixo!
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