Conheça 5 contextos que podem influenciar seus relacionamentos

Como anda a sua vida amorosa? Você consegue manter uma relação saudável ou parece que sempre algo de errado acontece e o amor se esvai? Se você se identifica com a situação de insucesso no amor, é importante saber que existem muitas coisas que estragam um relacionamento. E não estou falando aqui sobre as coisas que você já sabe, como discussões constantes, traições ou falta de diálogo. Aliás, isso tudo tende a ser apenas os sintomas de contextos muito mais profundos que podem bloquear seus relacionamentos e impedir você de ser feliz. 

É exatamente sobre eles que eu quero falar hoje, pois entendendo quais são esses contextos e como eles influenciam a forma como você se relaciona com as pessoas, ficará muito mais fácil identificar algumas das coisas que estragam um relacionamento sem que você sequer tenha ciência sobre isso. Confira. 

E quais são essas coisas que estragam um relacionamento?

Durante a minha jornada como terapeuta, fui observando algumas situações em comum entre os meus pacientes e constatei alguns contextos que podem bloquear relacionamentos. São coisas que podem acontecer ao longo de nossa vida e tem um impacto direto na forma como nos relacionamos. E isso vale para amizades, familiares, colegas de trabalho, chefe, professores… Ou seja, todos os relacionamentos interpessoais que teremos em nossa jornada. Confira a seguir que contextos são esses:

1. Traumas da infância 

Todos os traumas que nós passamos na infância exercem uma grande influência no nosso comportamento, nas nossas emoções, no nosso modo de agir, sentir e até mesmo pensar. Quantas vezes você já teve uma mente acelerada e ficou remoendo algum comentário que alguém tenha feito sem conseguir controlar as suas emoções? Você de fato gostaria de poder controlá-las, mas elas simplesmente acontecem, não é mesmo? A explicação para isso é que provavelmente essas emoções afloradas remetem a alguma situação que possa ter deixado impactos nas profundezas do seu ser quando você era apenas uma criança. 

Discussões frequentes entre seus pais, separação, abusos verbais ou até mesmo agressões físicas, enfim. Qualquer situação que tenha causado feridas profundas pode ser considerado um trauma que molda os aprendizados sobre a vida. Então, muitas vezes quando você não controla as suas emoções e entra em conflito com o seu par, mesmo parecendo não haver motivos para tanto, essa atitude pode ter alguma relação com as experiências negativas que você viveu enquanto criança sobre relacionamentos, mesmo que você não se lembre.  

2. Contexto transgeracional

Hoje nós sabemos, por meio de algumas pesquisas científicas, que foi constatado  que nós herdamos traumas dos nossos antepassados através do nosso DNA. Na verdade não somente traumas, mas todas as vivências e dinâmicas experimentadas pelos que vieram antes de nós e que deixam marcas em nossas vidas. Isso ocorre mesmo que não tenhamos vivido propriamente esses acontecimentos e criam aprendizados incorretos e incompletos que influenciam nosso modo de viver. 

Se sua bisavó, por exemplo, passou por coisas negativas envolvendo relacionamentos, isso pode influenciar a forma como você se relaciona com as outras pessoas. Nós costumamos chamar isso de emaranhado sistêmico, ou seja, são situações mal resolvidas que envolvem o núcleo familiar. E isso fica muito visível em dinâmicas de constelação familiar e regressões, pois elas permitem acessar essas memórias inconscientes e identificar situações, até então desconhecidas, vividas por nossos antepassados.

3. Ter perdido um dos pais muito cedo 

Quando pensamos sobre isso não devemos incluir apenas as perdas por morte ocorridas na infância. É preciso considerar os casos de abandono, quando a mãe é que escolhe não criar a criança e até mesmo aquelas situações em que o pai rejeita a gestação e abandona a mulher grávida. A simples ausência de um dos pais pode representar uma perda e interfere muito na forma como essa criança irá se relacionar na vida adulta. 

No período da infância nós não conseguimos ter o entendimento sobre a morte, sobre uma separação ou sobre um abandono. Em alguns casos já é difícil entender essas situações na vida adulta, então imagine o quanto é difícil lidar com isso enquanto somos crianças. Não há como saber que o seu pai foi embora porque não gostava mais da sua mãe ou simplesmente entender a morte quando ela acontece. O aprendizado implícito que fica sobre essas questões é de rejeição e de abandono. E essas interpretações sobre a vida ficam armazenadas e norteiam muitos comportamentos disfuncionais que aparecerão ao longo da vida e podem criar bloqueios nos relacionamentos.  

 

4. Acontecimentos do Período pré e perinatal 

Você sabia que um trauma ocorrido durante o parto pode ser uma das coisas que estragam um relacionamento? Exatamente. Parece estranho relacionar essas duas situações, mas você vai entender logo mais. 

Se um bebê nasce prematuramente e precisa ser separado de sua mãe para os devidos cuidados impedindo esse contato inicial entre mãe e filho, pode ocorrer o que chamamos de “interrupção do fluxo do amor saudável com a mãe”. E isso também pode deixar impactos tão profundos que exercerá influência direta nas relações futuras.

Mas, existem muitas outras situações ocasionadas nesse período que podem ter essa mesma influência negativa, como pensamentos abortivos que são repassados ao feto em formação e ficam armazenados em seu inconsciente. Essa vivência com o passar do tempo pode resultar em um sentimento de não merecimento de amor. Pois justamente quem mais deveria amar essa criança, rejeitou a sua chegada. 

Então, quando algumas pessoas têm esse sentimento de não ser digna de amor, podem haver situações enraizadas em níveis muito mais profundos do que se imagina. 

Outra situação ocorrida nessa fase que pode influenciar os relacionamentos futuros é a perda de um irmão gêmeo, pois esse vínculo entre irmãos é extremamente forte. Essa perda, mesmo que ocorra ainda dentro do útero, pode causar no gêmeo sobrevivente sensações muito negativas.  

Se sentir muito sozinho, pensar que vai morrer sozinho, ter receio de se conectar com as pessoas por medo de perdê-las, todas essas podem ser sensações vividas e que também deixam marcas que influenciam a maneira como a pessoa irá se relacionar no futuro. Esses aprendizados incorretos sobre a vida podem ser inclusive a razão de alguém não conseguir sair de um relacionamento disfuncional, por exemplo. Isso ocorre porque há um medo iminente da perda. Com isso, mesmo sabendo que aquele relacionamento não é saudável, a pessoa não consegue se desprender da outra pessoa. 

5. Relacionamentos antigos 

O quinto e último contexto que eu quero trazer hoje como uma das coisas que estragam um relacionamento está diretamente ligado aos aprendizados de relações anteriores. E isso inclui os que deram certo também. Mas, é claro que nos casos em que houve traição, humilhação ou qualquer tipo de rejeição, essas memórias negativas sobre a forma como você enxerga suas relações são bem mais evidentes. E provavelmente se tornam questões mal resolvidas aí dentro de você. 

Por mais difícil que pareça, é preciso enfrentar e dar voz a esses sentimentos não elaborados. Digo isso porque essas energias ficam estagnadas e acabam criando bloqueios para que você consiga se entregar em relações futuras, dificultando seu encontro com a felicidade no amor. 

E como é possível se libertar dessas coisas que estragam um relacionamento?

 

A grande verdade é que todos os contextos citados anteriormente podem conversar entre si. Aliás, eles podem se complementar, e isso amplifica ainda mais a probabilidade de uma pessoa não ter sucesso no amor ou em qualquer outro tipo de relacionamento. 

E infelizmente eu preciso te dizer: o tempo não cura tudo. Mas um processo terapêutico pode curar! Pois identificar situações que podem ter ocorrido em alguns dos contextos que eu trouxe é algo muito profundo. É preciso acessar memórias inconscientes e transformar esses aprendizados incorretos. Mas isso só é possível por meio do autoconhecimento. Não apenas de um conhecimento superficial que você consegue identificar o que está fazendo de errado. Falo de um autoconhecimento real, aquele que te possibilita visualizar os motivos que levam você a agir de determinada maneira. As suas atitudes são apenas sintomas, lembra? O seu real problema é aquele que te impulsiona a agir, pensar e se posicionar da forma como você faz diante de algumas ocasiões. 

Você precisa se dar a oportunidade de se reencontrar e se conectar com as profundezas do seu ser para finalmente conseguir se libertar de padrões comportamentais nocivos que você tem e muitas vezes não percebe. E isso só será possível se você estiver disposto a enfrentar essa realidade e viver o seu processo transformacional, o seu processo terapêutico.