Sensação de abandono: o que isso tem a ver com a gestação?

29/03/2021
Você já ficou com a sensação de abandono? Por quem quer que seja, já sentiu estar sendo abandonado? Por um amigo, por seus pais, filhos, por algum namorado ou pelo seu marido? Quando chega o final de semana, fica em seu mundo particular e sente que ninguém procura ou se importa com você? É ruim, doloroso e mexe com os sentimentos mais profundos, não é mesmo?
Essa sensação de abandono, automaticamente se mistura com o sentimento de solidão, de vazio e de não merecimento de uma vida rodeada de boas companhias. Sentir-se assim é realmente algo muito ruim, e, muitas vezes, quando somos acometidos por esse sentimento, acabamos criando mecanismos de enfrentamento para lidar com a situação. Comer demais, dormir além da conta, trabalhar mais que o necessário, viver com uma agenda cheia de compromissos, apenas para tentar se libertar da sensação de abandono e solidão.
Buscar por essas maneiras de encarar essas dificuldades, é algo muito comum, já que somos capazes de fazer qualquer coisa para não deixar que esse sentimento nos invada, a ponto de interferir em nossas vidas. Mas, se você sofre com isso, também deve saber que todos esses mecanismos não resolvem o problema. Apenas amenizam, provisoriamente, a dor de se sentir só e de não se encaixar em alguns contextos sociais.
Quando você sente de forma mais evidente?
Você já analisou em quais momentos ou situações essa sensação de abandono e solidão ficam mais evidenciadas em sua vida? Geralmente esse sentimento aparece mais à noite ou em momentos de lazer, quando a rotina e as demandas são mais tranquilas. Isso ocorre muito porque o silêncio externo traz à tona os ruídos internos. As questões mal resolvidas e os conflitos emocionais, se potencializam porque também precisam de atenção.
A grande questão é: o que você faz para lidar com essas questões? A sensação de abandono, quando acomete de forma devastadora, pode acontecer mesmo quando se está rodeado de pessoas. Isso se deve ao fato de que a pessoa não consegue se conectar com os outros de forma verdadeira e profunda. É como se o que está a volta, nunca fosse o suficiente para completar esse vazio
Muitas vezes, pode acontecer por algumas questões que ocorreram durante a gestação e na primeira infância, até os 7 anos de idade. Que é justamente o período em que se cria a personalidade e as percepções sobre o mundo, que nortearam nosso modo de ser, pensar, agir e sentir.
Durante a fase intrauterina é quando geralmente se criam os maiores aprendizados emocionais, que podem ser reforçados ou atenuados posteriormente. É claro que por aprendizados, devemos considerar tanto as coisas positivas quanto as negativas. E essas vivências, que nos ensinam como devemos encarar o mundo, nem sempre são corretas. São apenas o que se aprendeu, mas não necessariamente uma verdade. Contudo, são justamente as que deixam mais impactos em nosso ser. Traumas e choques nos fazem crescer, mas exercem, na grande maioria das vezes, influências negativas sobre nossos comportamentos.
Esses episódios, servem como gatilhos. Mesmo que não sejam diretamente relacionados aos contextos traumáticos, servem como impulsionadores de padrões comportamentais baseados nesses aprendizados.
Quer dizer que a sensação de abandono pode vir desde a gestação?
Sim. De um modo geral, a sensação de abandono e solidão é um reflexo de acontecimentos do período intrauterino. Se dentro do ventre materno há, mesmo de forma involuntária, alguma situação que remeta a esses sentimentos, pode se criar uma percepção errada sobre o seu próprio senso de valor. Futuramente, isso pode fazer com que a pessoa se sinta desvalorizada, abandonada e só.
Se uma mãe passa a gestação inteira falando sobre a sua dor, por conta de o pai a ter abandonado quando soube da gravidez, o feto pode interpretar que aquela dor, é culpa sua. Ou até mais: toma aquele sofrimento para si, e passa a sentir-se abandonado pelo seu pai, de forma inconsciente, é claro. Esse aprendizado, portanto, acompanha esse ser pelo resto da vida, mesmo implicitamente, e pode criar percepções e expectativas erradas sobre o mundo ao seu redor.
Porém, essas memórias não são acessadas de maneira tão simples assim. Não é como buscar em suas lembranças o momento em que pode ter se criado um aprendizado sobre isso, é preciso ir um pouco mais além. Se aprofundar nesse período, saber o que aconteceu com você e com a sua mãe. Entender o ambiente em que esteve inserido enquanto estava sendo gerado, perceber situações que aconteceram à volta e que podem contribuir para essa sensação de abandono que acompanha a sua jornada.
A boa notícia, é que apesar de não ser simples chegar até este ponto, é totalmente possível. O próprio campo da Psicologia Pré e Perinatal, possui diversas técnicas e abordagens capazes de facilitar esse processo. Como é o caso da terapia de regressão intrauterina, por exemplo.
Ela permite enxergar muito além do que se sabe sobre a própria história. É um passo além, para a busca do autoconhecimento e da compreensão sobre si mesmo.
Conteúdo muito, muito rico, inclusive eu tenho sérias pretensões de participar de uma imersão destas, porque acredito que tenho cá minhas complicações nestes aspectos. O que me impede no momento é a situação financeira, mas tenho comigo que seja uma libertação e tanto. Pretendo fazer, participar de uma vivencia destas. Show!
Muito interessante o artigo! Nós leigos muitas vezes não temos noção de muitos porquês na nossa vida. Manoel Augusto eu tenho aprendido muito com seus ensinamentos. Obrigada. Muita gratidão mesmo.
Muito bom. Parabéns pelo artigo