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Vida intrauterina: quais os principais traumas desse período?

Vida intrauterina: quais os principais traumas desse período?

15/03/2021

A vida intrauterina é um dos momentos mais importantes na formação do nosso ser. As vivências e experiências desse período são fundamentais para definir pontos chave da construção de quem seremos e como seremos. Do ponto de vista físico, a fundamentalidade desse período é clara. Pois, é nessa fase que nossos órgãos são estruturados para que possamos, futuramente, viver de forma completa. 

Contudo, sob o aspecto emocional, ainda há certa relutância em considerar a relevância da vida intrauterina. Por algum motivo, nem tão desconhecido assim, considera-se improvável que os bebês possam ter aprendizados emocionais. Esse motivo, aliás, se dá muito pelo fato de que alguns profissionais acreditam que isso não é possível, por conta da parte do cérebro que armazena essas informações ainda não estar formada. 

Mas, como se explica o fato do bebê reconhecer a voz dos pais ao nascer? Por que as mães conversam, colocam música e interagem, se nada disso ficará armazenado? É um tanto contraditório se analisarmos dessa maneira, não é mesmo? 

Se eles são capazes de se acalmar ao ouvir vozes e sons familiares, porque não “lembrariam” de todo o resto? E, nesse caso, “o resto” também inclui as experiências negativas. Pois, nós sabemos que a vida não é feita apenas de coisas boas. Há problemas, conflitos e situações ruins, que podem inclusive se tornar um trauma. Esse é o fluxo natural das coisas, pois não existe uma vida sem traumas.


As coisas negativas que acontecem na vida intrauterina também são armazenadas? 

Sim. Infelizmente alguns episódios traumáticos, que podem acontecer durante a fase da vida intrauterina, são armazenados. Como deve saber, situações negativas parecem ser sempre mais acentuadas do que as positivas. Na verdade, não é uma percepção, é uma realidade. Nos lembrar sobre as coisas ruins, é uma maneira que o nosso sistema encontra para emitir um sinal de alerta e nos proteger de reviver a mesma dor. 

Contudo, os choques e traumas provenientes da fase gestacional, podem acontecer em níveis muito mais profundos do que se imagina. Podemos dizer que eles ficam impregnados nas células do bebê em formação, e inclusive podem ditar a personalidade, padrões comportamentais e posicionamento no mundo. São grandes impulsionadores e influenciadores de muitos aspectos da vida. 

Aliás, apenas para contextualizar, um trauma é considerado toda a experiência negativa, capaz de afetar a vida de forma significativa.  Atinge a psique, emoções e até mesmo o corpo somático, deixando aprendizados e definições incorretas e incompletas. Sobre si mesmo, sobre a sua dignidade, sobre o senso de segurança e o senso de espiritualidade, comprometendo a sua conexão plena com a vida. As dores causadas pelos traumas nos afastam de nossa essência e dos nossos recursos, e nos impedem de viver em paz. 

De um modo geral, os principais traumas e choques do período intrauterino são: 

Abortos

Esse é um dos traumas mais comuns que ocorrem durante a vida intrauterina. Por aborto, pode-se interpretar os pensamentos abortivos, tentativas, abortos anteriores consolidados, sendo espontâneos ou provocados. Quando isso ocorre, causa traumas em diferentes níveis. Quando nós falamos que o feto absorve tudo à sua volta, devemos considerar também os pensamentos e sentimentos que as mães têm. 

Quando há uma rejeição, um pensamento abortivo, o feto pode entender que não é merecedor de amor, que não é bem-vindo, que está sendo rejeitado. Essa informação irá se armazenar nas células e influenciar alguns padrões comportamentais, como por exemplo, sempre sentir que está sendo rejeitado. Pode ser em relacionamentos afetivos, familiares de amizade, no trabalho. Em diferentes âmbitos da vida, a pessoa sempre fica com a sensação de rejeição. 

Em outros casos, essas tentativas de aborto podem gerar outro aprendizado incorreto: eu preciso ser perfeito para ser aceito. E daí, a pessoa passa a vida inteira tentando agradar aos pais para se sentir merecedor de amor. Não existe uma regra, cada pessoa reagirá a um trauma de acordo com o nível e profundidade com que foi atingido por ele. 


Gêmeo desvanecido

Esse é outro trauma bem comum, mas que poucos sabem existir. Acredita-se, de acordo com estudos, que cerca de 50% das gestações se iniciem de forma múltipla. A maioria, por motivos diversos, não vai para frente e apenas um feto continua a se desenvolver. Contudo, as mães sequer têm ciência sobre isso, pois a perda pode ocorrer antes mesmo de que se descubra a gravidez. Para a mãe, isso acaba não tendo um impacto muito significativo. Mas, para aquele bebê que continuou a sua jornada sem o irmão, é bem diferente. 

Algumas pessoas que passam por esse tipo de choque, têm um enorme medo de perder alguém que ama. Podem se sentir abandonadas, desoladas e desenvolver, ao longo do tempo, alguns comportamentos relacionados a essa perda. Ter tudo em pares, por exemplo, pode ser um sinal de que um irmão foi perdido no útero. Buscar a perfeição em outras pessoas, como maneira de substituir aquela perda, também pode ser um reflexo desse trauma. 

Falando agora da vida intrauterina, alguns embriões, por não quererem “viver sem o irmão”, podem inclusive, de forma inconsciente, ter um parto mais complicado. Simplesmente por não se sentirem preparados para encarar o mundo, sem o seu par que foi perdido. 


Choque de gênero

Você já pensou quantas expectativas são criadas a partir de uma gestação? Os pais, quando recebem essa informação com carinho, planejam toda a vida daquele ser, de acordo com o que esperam. 

Vamos imaginar que os pais desejam muito ter um menino, mas, ao invés disso, esperam uma menina. Mesmo que não exista uma rejeição e fiquem felizes, o embrião sabe que, na verdade, o que queriam mesmo é que fosse um menino. Por mais que isso possa parecer algo banal, gera um impacto muito grande nesse bebê que está sendo gerado. É um choque emocional tão profundo, que pode inclusive trazer alguns sintomas para a vida futuramente. 

Trazendo bem para atualidade, está na moda fazer o famoso “chá revelação”, em que apenas na presença dos convidados os pais tomam ciência sobre o sexo do bebê. E você já deve ter visto pela internet, muitos vídeos em que nitidamente se sente a decepção dos pais ao descobrirem que ao invés daquilo que desejavam, era o contrário. Em alguns casos, até mesmo os convidados ficam sem reação diante daquela frustração. Se para pessoas de fora isso já causa certo incômodo, como acha que o bebê se sente? 

A família faz uma festa e quando descobre que não era o que imagina, “murcha” todo o seu entusiasmo. E o bebê que está ali, que deveria estar feliz pela festa dada em sua razão, na verdade, recebe toda aquela energia negativa do ambiente. Não há como pensar que não exista sequer um tipo de impacto emocional nesse serzinho, não é mesmo?


E quais os tipos de problemas esses traumas da vida intrauterina podem trazer? 

Diversos. Como disse mais acima, tudo depende da intensidade com que o episódio traumático atingiu o feto. O nível e a camada em que as informações desse choque foram armazenadas. Isso é único e extremamente pessoal. Cada pessoa reage de uma maneira diferente, por absorver as vivências à sua maneira, baseado em seus aprendizados, na sua percepção e na sua história. 

Aliás, esse último ponto é o mais importante de todos: a história de cada um. Que não se limita a um único episódio isolado e sim aos diversos acontecimentos de toda a vida intrauterina, a fase que antecede a ela e a que vem depois também. As dores podem ser acentuadas ou amenizadas, de acordo com experiências posteriores ao episódio traumático. 

A forma como o mesmo trauma influencia a vida de diferentes pessoas, é completamente diferente. Por isso, saber quais os problemas, padrões comportamentais e crenças que esses aprendizados trarão, só é possível quando há um aprofundamento em sua própria vida intrauterina, extrauterina e do seu sistema familiar. Já que todos os diferentes contextos são interligados e juntos ditam quem fomos, quem somos e quem seremos.

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5 Respostas para “Vida intrauterina: quais os principais traumas desse período?”

  1. Maria Inês disse:

    Gostei dos temas, muitas coisas eu penso que o bebê ventre da mãe capta tudo.

  2. Ademir disse:

    Gostei bastante, acho que tem muito haver com a questão do temperamento da pessoa também?

  3. Michelle Pereira Balbino disse:

    Maravilhoso artigo! O conteúdo é de extrema importância para que saibamos que o periodo da vida intrauterina comando nossas vidas. O autoconhecimento se faz necessário para sabermos realmente quem somos.
    Parabéns!!!

  4. Michelle disse:

    Queto assistir a aula

  5. Gisele disse:

    Parabéns, excelente colocação, perfeita

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