O QUE É A PSICOLOGIA PRÉ E PERINATAL
13/11/2025
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Introdução: Por que olhar para o começo da vida?
Quando pensamos em psicologia, é comum associarmos as origens de nossos problemas emocionais e comportamentais à infância. Afinal, frases como “tudo começa na infância” já fazem parte do senso comum. Mas a Psicologia Pré e Perinatal amplia essa visão: ela mostra que as marcas mais profundas podem surgir muito antes das primeiras lembranças conscientes.
Esse campo investiga e acompanha experiências que vão da pré-concepção até aproximadamente os dois primeiros anos de vida. Ou seja, considera desde o momento em que um ser humano é imaginado, desejado ou rejeitado, passando pela concepção, gestação, parto e pós-parto imediato, até o início da primeira infância. Esse período é entendido como uma janela de extrema sensibilidade e plasticidade, na qual o corpo e o sistema nervoso estão registrando intensamente cada vivência.
Mas não é apenas o corpo físico que guarda essas memórias. Na fase da pré-concepção, o corpo energético já está presente e sensível, registrando experiências e impressões sutis que antecedem até mesmo a fecundação. Essa dimensão energética, muitas vezes negligenciada, mostra que a nossa história começa antes do encontro dos gametas e que aspectos como a intenção dos pais, o ambiente emocional e até mesmo os movimentos de alma já podem deixar marcas.
Olhar para esse início da vida em todas as suas camadas, do físico ao energético, é essencial porque, mesmo que não tenhamos memória consciente, carregamos registros profundos que moldam a forma como sentimos, pensamos e nos relacionamos. Muitas vezes, os padrões de ansiedade, insegurança ou desconexão que nos acompanham na vida adulta têm suas raízes nesse começo invisível.

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O que é Psicologia Pré e Perinatal
A Psicologia Pré e Perinatal (PPN) é um campo da psicologia que investiga e trabalha com as experiências humanas desde a fase da pré-concepção até aproximadamente os dois primeiros anos de vida. Ela se diferencia de outras abordagens porque considera que, mesmo antes de termos memória consciente, já estamos registrando profundamente as impressões do ambiente e das relações que nos cercam.
Esse registro não acontece apenas no sistema nervoso e nas emoções. A PPN entende o ser humano em múltiplas dimensões. O corpo físico absorve impactos, tensões e choques; o corpo emocional organiza a forma como reagimos às experiências; e o corpo energético já está ativo desde a pré-concepção, captando intenções, rejeições, acolhimento ou indiferença. Isso significa que nossas primeiras experiências de vínculo, pertencimento ou ameaça podem deixar marcas tanto no campo material quanto no sutil.
O grande diferencial dessa abordagem é que ela vai além dos acontecimentos da infância. Embora seja sabido que as vivências infantis moldam nossa personalidade e nossa forma de nos relacionar, a PPN mostra que muitas das raízes dos sofrimentos humanos estão em períodos ainda mais precoces, quando não tínhamos linguagem, mas já sentíamos intensamente.
Esse campo foi desenvolvido a partir das descobertas de diversos pesquisadores e clínicos pioneiros:
- William Emerson, Ph.D. – considerado o “pai da Psicologia Pré e Perinatal”, documentou como traumas de concepção, gestação e nascimento moldam padrões psicológicos e comportamentais, criando métodos terapêuticos para trabalhar essas memórias.
- David Chamberlain, Ph.D. – psicólogo e pesquisador que mostrou que bebês têm consciência e memória desde o útero, desafiando a visão tradicional de que recém-nascidos seriam “folhas em branco”. Entre suas principais obras estão:
- Babies Remember Birth (1988)
- The Mind of Your Newborn Baby (1998, edição revisada e expandida do anterior)
- Windows to the Womb: Revealing the Conscious Baby from Conception to Birth (2013)
- Thomas Verny, M.D. – psiquiatra, fundador da APPPAH (Association for Pre- and Perinatal Psychology and Health), reuniu evidências científicas sobre como o ambiente intrauterino influencia a vida. É autor de livros fundamentais, entre eles:
- The Secret Life of the Unborn Child (1981, com John Kelly)
- Tomorrow’s Baby: The Art and Science of Parenting from Conception to Birth (2002)
- The Embodied Mind: Understanding the Mysteries of Cellular Memory, Consciousness, and Our Bodymind (2021)
- Frank Lake, M.D. – psiquiatra inglês que pesquisou profundamente as experiências uterinas, desenvolvendo técnicas de regressão para acessar e elaborar memórias pré-natais.
Esses pioneiros abriram caminho para um novo paradigma: a compreensão de que a vida psíquica, emocional e até espiritual começa muito antes do nascimento, e que cuidar dessas raízes é essencial para transformar padrões de sofrimento e abrir espaço para uma vida mais plena.

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O corpo como memória viva
Um dos pilares da Psicologia Pré e Perinatal é a compreensão de que o corpo guarda memórias mesmo quando não há lembrança consciente. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, não é apenas o cérebro por meio da linguagem e da memória narrativa que registra a história de vida. Antes mesmo de termos palavras, já possuímos uma capacidade profunda de sentir, perceber e armazenar experiências no nível somático, emocional e energético.
Pesquisas em neurociência do desenvolvimento, como as de Allan Schore, mostram que nos primeiros anos de vida a principal forma de memória é a implícita registrada no corpo, nas emoções e nos padrões de resposta do sistema nervoso. Isso explica por que tantas situações atuais despertam sensações desproporcionais: não reagimos apenas ao presente, mas a ecos de experiências muito antigas que permanecem inscritas em nosso organismo.
Esses registros precoces podem se manifestar de diversas formas:
- No corpo físico: tensões musculares crônicas, enxaquecas, problemas respiratórios, distúrbios do sono, alergias ou doenças psicossomáticas sem explicação médica clara, entre outras manifestações corporais que podem carregar raízes precoces.
- No campo emocional: padrões de ansiedade, tristeza recorrente sem causa aparente, medo de abandono, sensação de rejeição constante ou crises de pânico, entre outros desfechos emocionais que variam conforme cada história de vida.
- No corpo energético: impressões ligadas à intenção dos pais (aceitação ou rejeição), ao ambiente emocional da família, ou a vivências sutis que antecedem até mesmo a concepção biológica, entre outras marcas difíceis de traduzir em palavras, mas sentidas no campo energético da pessoa.
- Na vida relacional: dificuldades em confiar nos outros, tendência à codependência, sensação de isolamento, necessidade de agradar para ser aceito ou medo de intimidade, entre outros padrões relacionais que podem se repetir ao longo da vida.
- No comportamento: repetição de padrões autossabotadores, dificuldade em concluir projetos, compulsões, procrastinação ou necessidade excessiva de controle, entre outras formas de agir que expressam memórias muito antigas.
- Na espiritualidade e sentido de vida: vazio existencial, sensação de “não querer estar aqui”, revolta com a própria existência ou desconexão profunda da vida, entre outros movimentos ligados ao pertencimento e ao propósito de estar vivo.
Autores como David Chamberlain descrevem que os bebês não apenas sentem, mas aprendem desde o útero, registrando cada nuance da relação com o ambiente e com a mãe. Ele afirmava que “os bebês são aprendizes brilhantes desde o começo da vida intrauterina”, reforçando a ideia de que o início da vida é um período de intensa plasticidade e memória.
Além das pesquisas científicas, os trabalhos clínicos de William Emerson, considerado o “pai da psicologia pré e perinatal”, trouxeram uma contribuição decisiva. Em suas décadas de experiência terapêutica, ele demonstrou que adultos podiam acessar de forma corporal e emocional registros de situações vividas no útero ou durante o nascimento. Emerson descreveu, por exemplo, que memórias de partos prolongados, uso de fórceps, cesarianas, cordão umbilical enrolado ou anestesias podiam reaparecer na vida adulta como ansiedade, sensação de sufocamento, dificuldades de decisão ou padrões repetitivos de impotência.
Sua abordagem reforça a ideia de que o corpo não apenas lembra, mas expressa em sintomas, padrões de comportamento e reações emocionais o que não pôde ser integrado no início da vida. Dessa forma, a Psicologia Pré e Perinatal amplia a compreensão de que as origens de muitos sofrimentos estão além da infância consciente, enraizadas nas experiências corporais e energéticas dos primeiros capítulos da existência.
Exemplos de manifestações de experiências pré e perinatais na vida adulta
A Psicologia Pré e Perinatal revela que nossas experiências mais precoces desde antes da concepção até aproximadamente os dois primeiros anos de vida deixam marcas profundas que se manifestam em padrões emocionais, psicológicos e relacionais ao longo da vida. Esses registros não dependem da memória consciente: eles ficam impressos no corpo, no sistema nervoso e até no campo energético.
É fundamental compreender que trauma não se refere apenas ao que acontece de forma explícita, como intervenções médicas ou violências, mas também ao que não acontece. A ausência de vínculo, de acolhimento ou de conexão pode gerar impactos tão profundos quanto experiências de choque. Um exemplo disso é quando uma mãe, por motivos emocionais ou circunstanciais, não consegue se conectar ao bebê durante a gestação, seja porque vive um luto profundo, como a perda do próprio pai, seja porque se sente indiferente à gravidez. Essas interrupções de vínculo criam registros silenciosos, mas duradouros.
Exemplos clínicos e padrões
- Pré-concepção: em regressão terapêutica, uma cliente acessou a sensação de não ser bem-vinda, de rejeição e de obrigatoriedade em existir, como se tivesse sido expulsa de um “lugar espiritual” e forçada a vir ao mundo. Esse registro energético gerou nela padrões de auto-rejeição e dificuldade em sentir-se pertencente à família e ao mundo. Situações como ideações ou tentativas de aborto reforçam essa vivência, estabelecendo bases de profunda fragilidade identitária.
- Gestação: adultos relatam crises de ansiedade inexplicáveis que, em regressões, conectam-se a tentativas de aborto ou rejeição materna durante a vida intrauterina. Thomas Verny enfatiza que a vida emocional da mãe molda a psique e o cérebro do bebê em desenvolvimento, mostrando como sentimentos de rejeição, medo ou desesperança da mãe podem ser internalizados pelo feto como padrões existenciais.
- Nascimento: partos prolongados podem deixar marcas de claustrofobia; partos com fórceps frequentemente emergem em terapias como registros de raiva reprimida ou sensação de invasão; nascimentos por cesárea podem gerar padrões de espera passiva ou dificuldade em iniciar e avançar em projetos. William Emerson, em seus estudos, detalhou os “choques de nascimento” (fórceps, cesárea, cordão umbilical, anestesia etc.), mostrando como cada intervenção ou circunstância cria um padrão distinto de registro traumático.
- Internação em incubadora: adultos que passaram dias separados da mãe após o nascimento relatam dificuldades de vínculo, medo intenso de solidão e padrões de ter que ser fortes a qualquer custo, muitas vezes acompanhados de uma tendência ao isolamento. O corpo registra essa ausência de contato como abandono, mesmo quando houve intenção de cuidado médico.

Outros possíveis desfechos
Esses são apenas alguns exemplos. Entre outros desfechos emocionais e comportamentais associados às experiências pré e perinatais, podemos citar:
- Sensação de impotência crônica;
- Procrastinação ou dificuldade em iniciar projetos;
- Medo de intimidade e dificuldades em confiar;
- Padrões de auto-sabotagem;
- Sentimentos difusos de não-pertencimento;
- Raiva sem causa aparente;
- Tendência à autossuficiência extrema como defesa;
- Dificuldades em sustentar vínculos profundos e seguros.
Assim, a Psicologia Pré e Perinatal amplia nossa visão do humano: não se trata apenas da infância ou daquilo que conseguimos lembrar, mas de camadas mais profundas que começam antes mesmo da concepção biológica, atravessam a gestação e o nascimento, e seguem ecoando silenciosamente por toda a vida.

Como a Psicologia Pré e Perinatal pode ajudar
- No indivíduo (adultos e crianças)
- Elaboração de memórias precoces: trabalhar experiências de pré-concepção, gestação, nascimento e primeiros anos que ficaram registradas no corpo e moldam padrões repetitivos de sofrimento.
- Regulação emocional: redução de sintomas de ansiedade, depressão, pânico, fobias, procrastinação, sensação de impotência ou de não pertencimento.
- Reconexão com o corpo: favorece maior sensação de vitalidade, presença e pertencimento à vida, ajudando pessoas que vivem em estado de dissociação ou “como se estivessem fora do corpo”.
- Relações interpessoais: melhora na qualidade de vínculos afetivos, confiança e capacidade de intimidade.
- Questões existenciais: oferece caminhos para lidar com sentimentos como “não quero estar aqui” ou “a vida não faz sentido”, conectando-os a raízes pré-natais.

- Na parentalidade e na gestação
- Prevenção de traumas: apoiar mães, pais e famílias a viverem a gestação e o parto de forma consciente, minimizando impactos traumáticos para o bebê.
- Vínculo seguro: fortalecer a relação mãe-bebê ainda no útero, promovendo uma base emocional sólida para o desenvolvimento da criança.
- Preparação para o parto: reduzir medos, expectativas negativas e memórias traumáticas inconscientes que podem interferir no processo.
- Apoio no pós-parto: acolhimento de mães que passam por depressão pós-parto, dificuldades de amamentação ou sensação de rejeição.
- Conscientização dos pais: possibilitar que pais reconheçam como suas próprias histórias pré e perinatais influenciam a forma como acolhem seus filhos.

- No campo transgeracional
- Interrupção de padrões: quebrar ciclos de repetição de traumas e dores herdadas inconscientemente de gerações anteriores.
- Transformação em legado: elaborar experiências dolorosas para que se tornem fontes de aprendizado e sabedoria para os descendentes.
- Cura do vínculo familiar: favorecer reconciliações internas com a própria história, abrindo espaço para vínculos mais saudáveis nas próximas gerações.

- Na clínica e nas práticas terapêuticas
- Ampliação do olhar do terapeuta: compreender que sintomas atuais podem ter raízes pré-natais, enriquecendo a escuta clínica.
- Integração com outras abordagens: a PPN pode ser associada a psicoterapia, trabalho corporal, somática, constelações, mindfulness, entre outros métodos.
- Exemplos práticos:
- Um adulto com claustrofobia pode descobrir em regressão que sua experiência de parto prolongado foi a raiz de seu pânico.
- Uma mãe que sente rejeição em relação ao filho pode reconhecer que revive, sem perceber, a rejeição que ela mesma sofreu durante a gestação.
- Uma criança que apresenta dificuldade de vinculação pode se beneficiar de intervenções que resgatam as primeiras experiências de separação (incubadora, cesárea, etc.)

- Na dimensão espiritual e existencial
- Reconexão com o propósito de vida: muitas pessoas encontram sentido e clareza ao compreender como sua entrada no mundo foi marcada.
- Elaboração de memórias energéticas: a PPN não se limita ao corpo físico e emocional; também considera as impressões no corpo energético e no campo sutil.
- Resgate do pertencimento à vida: restaurar a sensação de que “é seguro estar aqui”, favorecendo maior entrega à experiência humana.

Por que a Psicologia Pré e Perinatal é tão relevante hoje
- Avanços científicos que confirmam a PPN
- Neurociência do desenvolvimento: Pesquisas mostram que experiências intrauterinas influenciam a formação de estruturas como a amígdala, o hipocampo e o córtex pré-frontal. Isso significa que estresse, rejeição ou acolhimento materno já moldam como a criança reagirá emocionalmente no futuro.
- Epigenética: Estudos comprovam que traumas e estresses vividos pelos pais podem alterar a expressão genética dos filhos, sem mudar o DNA. Assim, dores não elaboradas podem ser transmitidas.
- Memória implícita: Pesquisas de David Chamberlain e outros reforçam que o bebê registra experiências no corpo e no sistema nervoso antes mesmo de ter memória verbal.
- Medicina perinatal: avanços em ultrassonografia 4D e observações clínicas comprovam a responsividade do feto a sons, emoções e toques, sustentando a noção de um bebê senciente.

- Contexto social contemporâneo
- Crise de saúde mental: Ansiedade, depressão, pânico e solidão atingem números epidêmicos. Muitas dessas condições têm raízes em experiências de desconexão precoce que a PPN pode acessar.
- Transformação do parto e da parentalidade: cresce a busca por parto humanizado, vínculos conscientes e maior envolvimento dos pais desde a gestação.
- Insatisfação com terapias superficiais: pessoas que já tentaram psicoterapias convencionais e não encontraram alívio buscam abordagens que toquem camadas mais profundas da experiência.
- Mudanças culturais: em um mundo acelerado e tecnológico, há um movimento de retorno às origens, de resgate da conexão com o corpo, a família e a ancestralidade.

- Impacto coletivo e transgeracional
- Quebra de ciclos traumáticos: ao elaborar vivências de rejeição, violência ou solidão no início da vida, é possível evitar que esses padrões sejam repetidos com filhos e netos.
- Parentalidade consciente: mães e pais mais preparados emocionalmente transmitem segurança e confiança, criando sociedades menos violentas e mais integradas.
- Efeito multiplicador: quando um indivíduo se reconcilia com sua própria história de nascimento, ele impacta não apenas sua vida, mas também seus relacionamentos, filhos, pacientes e até a comunidade.

- Dimensão existencial
- Pertencimento: em um tempo em que muitos se sentem desconectados, a PPN oferece um caminho para restaurar a sensação de “é seguro estar aqui”.
- Sentido de vida: ao compreender o início da própria jornada, muitos encontram clareza sobre seus desafios e propósito.
- Integração corpo-alma: a PPN também dialoga com experiências espirituais e energéticas, reconhecendo que não somos apenas biologia, mas seres integrais.

Um convite à reconexão com o início da vida
Todos nós passamos por um início — um momento em que não havia palavras, apenas sensações, impressões e registros que se gravaram em nosso corpo, em nosso sistema nervoso e até em nossa alma. A pré-concepção, a gestação, o nascimento e os primeiros anos de vida formam o alicerce invisível sobre o qual construímos tudo o que viria depois. Mesmo que a mente consciente não se lembre, o corpo se lembra.
A Psicologia Pré e Perinatal nos convida a voltar a esse território esquecido, não para reviver dores, mas para reconhecer o que aconteceu (ou deixou de acontecer), elaborar as marcas e resgatar recursos que ficaram congelados no tempo. Ela nos lembra que trauma não é apenas sobre eventos impactantes, mas também sobre ausências: quando um bebê não foi visto, quando a mãe não conseguiu se conectar, quando a vida começou em meio à indiferença ou ao desespero.
Reconectar-se a esse início é um ato de reconciliação com a própria história. É abrir espaço para que padrões repetitivos de rejeição, impotência, solidão ou falta de pertencimento possam ser transformados em consciência, vitalidade e liberdade. É compreender que o que parecia “defeito” em nós, muitas vezes é apenas um reflexo de experiências precoces que podem ser revisitadas e integradas.
Ao cuidar desse começo, não cuidamos apenas de nós mesmos. Criamos condições para relações mais saudáveis, para filhos que chegam mais acolhidos, para sociedades menos violentas e para futuras gerações que herdam não apenas traumas, mas também legados de amor.
Talvez muitas das respostas que buscamos sobre quem somos, por que vivemos certos padrões e como podemos mudar estejam justamente no lugar mais esquecido de todos: nosso início de vida. E é ali que a Psicologia Pré e Perinatal nos convida a olhar, com coragem e compaixão, para transformar não só o passado, mas também o presente e o futuro.

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