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O Impacto Profundo do Período Pré-Perinatal em Nossas Crenças e Projetos de Vida

O Impacto Profundo do Período Pré-Perinatal em Nossas Crenças e Projetos de Vida

26/03/2025

Quando falamos sobre os desafios da vida e a dificuldade de concretizar grandes projetos, muitos fatores vêm à mente: falta de tempo, recursos, apoio ou até habilidade. No entanto, poucos param para pensar no impacto que os eventos que ocorreram antes do nosso nascimento têm sobre a nossa capacidade de agir e realizar nossos sonhos.

O Papel Fundamental da Concepção e Gestação nas Nossas Ações Futuras

O período pré-perinatal, que inclui o período de concepção e gestação, é muitas vezes negligenciado por médicos, terapeutas e até psicólogos, mas ele tem um papel fundamental na formação das nossas crenças e padrões comportamentais. Durante esses momentos iniciais da nossa vida, o nosso corpo e mente são profundamente influenciados pelas experiências vividas dentro do útero, pelas emoções da mãe, pelas interações familiares e pela maneira como o ambiente ao nosso redor reage ao nosso desenvolvimento.

Como o Corpo e a Mente São Moldados no Início da Vida

Nos primeiros estágios de gestação, a vida começa a formar suas bases biológicas e emocionais. Não estamos apenas sendo formados fisicamente, mas também criando um conjunto de respostas emocionais e comportamentais que terão um grande impacto na forma como lidaremos com as adversidades na vida. Essas primeiras memórias não estão disponíveis de forma consciente, mas se manifestam através de sensações, padrões de comportamento e crenças que carregamos inconscientemente. Parafraseando William Emerson, os bebês possuem a capacidade de registrar suas experiências gestacionais e de nascimento como memórias implícitas, que se tornam parte de sua bagagem inconsciente ao longo da vida, influenciando seu desenvolvimento e comportamento, a menos que sejam integradas e processadas de forma adequada.

Reações Instintivas e Crenças Inconscientes: O Impacto do Ambiente Pré-Natal

Imagine que, no período pré-natal, você tenha experimentado um ambiente de insegurança, de rejeição ou de estresse. Essas emoções são gravadas em seu corpo de uma forma muito visceral e profunda. Quando você cresce e começa a executar projetos importantes, essas experiências podem ser ativadas, fazendo com que você sinta medo, insegurança ou até o desejo de desistir antes de tentar. O impacto disso não está no que você lembra conscientemente, mas nas reações instintivas do seu corpo, que carregam esses padrões desde o início da vida.

O Impacto de Partos Traumáticos nas Ações de Vida Posteriores

Um exemplo interessante disso pode ser visto quando se observam as experiências de pessoas que passaram por partos traumáticos. As intervenções como cesáreas, o uso de anestesia ou situações de quase morte podem gerar memórias emocionais de impotência, medo e desconforto, que se manifestam mais tarde na vida de forma simbólica. Quando uma pessoa enfrenta uma situação que a faz se sentir impotente ou sem controle, pode ser que ela esteja revivendo, sem saber, a sensação vivida no momento do nascimento.

Memórias Corporais e Seus Efeitos nas Ações de Vida

Essas experiências não se limitam a um simples “bloqueio emocional”. Elas são parte de um complexo processo de adaptação ao ambiente, no qual as respostas de luta ou fuga estão gravadas no corpo. O corpo reage de forma automática a essas memórias implícitas, muitas vezes impedindo que a pessoa avance ou se sinta capaz de concluir projetos desafiadores.

A História de Rose: Quando a Vida Começa em Silêncio

Rose nunca se sentiu realmente parte de algo. Sempre carregou dentro de si uma solidão impenetrável, como se sua existência fosse um erro, um segredo mal contado, um peso para o mundo. Ela era forte — precisava ser. Mas, no fundo, sentia que ninguém realmente a enxergava.

Seu trabalho, ironicamente, refletia esse sentimento: passava os dias sozinha em uma sala, com visitas esporádicas de um colega que aparecia uma vez por semana. O isolamento não era apenas uma circunstância, era um padrão que a acompanhava.

Quando buscou ajuda, verbalizou entre lágrimas a sensação de solidão constante e sua tentativa incansável de conquistar o amor da mãe, que sempre lhe respondia com frieza. “Eu faço tudo por ela, mas nada muda.” E, ao longo do processo terapêutico, começou a perceber que a distância que sentia da mãe também se refletia em seus próprios filhos, que pareciam cada vez mais distantes dela.

A história de Rose começou antes mesmo de seu primeiro respiro. Sua mãe, já sobrecarregada com três filhos e abandonada pelo pai das crianças, teve um breve envolvimento com um homem e, pouco depois, descobriu que estava grávida. O desespero tomou conta. Sem apoio, sem estrutura, sem espaço para uma nova vida, tentou interromper a gravidez. Mas não conseguiu.

A solução foi o silêncio. Ela deixou os filhos com os avós e se mudou para o interior de Goiás, começando uma nova vida como empregada doméstica. Ninguém sabia de sua gestação. Escondeu o ventre com faixas e cintas, vestiu-se de forma a disfarçar qualquer sinal da criança que crescia dentro dela. Nem mesmo seus patrões souberam de sua gravidez – até o dia em que entrou em trabalho de parto.

Quando Rose nasceu, o segredo se manteve. Durante um ano inteiro, ninguém da família soube de sua existência. Apenas depois de doze meses, os avós descobriram que tinham outra neta e o avô registrou a criança. Sua mãe nunca contou quem era o pai. Rose só descobriu aos 16 anos. Ficou profundamente abalada ao ouvir do próprio pai que ele nunca soube da gravidez, e que, se soubesse, teria sido presente. Mas agora, a essa altura da vida, já não havia mais espaço para uma conexão.

Essa sensação de invisibilidade, de ser um erro que precisava ser escondido, não ficou apenas em sua infância – moldou sua vida adulta. Ela não apenas se sentia rejeitada; ela vivia de forma a confirmar essa rejeição. Seu próprio trabalho era solitário. Seus filhos, como que repetindo um padrão, também pareciam distantes. Ela existia, mas sempre à margem, como uma presença que não deveria estar ali.

Em nosso trabalho, exploramos o impacto de sua gestação e nascimento em sua vida. As mensagens que recebeu ainda no útero estavam claras:

  • “Você não tem valor para o mundo.” Sua mãe não desejava a gravidez, tentou interrompê-la e escondeu sua existência de todos.
  • “Você é um erro e precisa viver escondida.” Sua mãe envolveu-se em uma vida nova sem contar a ninguém, e Rose passou seu primeiro ano de vida sem ser reconhecida pela família.
  • “Você não pode se mostrar para ninguém te ver.” Essa era a mesma frase que sua mãe repetia quando a agredia durante a infância.

Essas crenças não estavam apenas na mente de Rose. Elas se refletiam em seu corpo, em sua forma de ocupar espaços, em sua postura perante o mundo. Ela não precisava se isolar – mas algo dentro dela acreditava que era o único caminho possível.

E quando começamos a olhar para o contexto de sua mãe, a história se aprofundou ainda mais. Sua mãe também carregava um padrão de isolamento. Foi deixada para trás pelo pai dos filhos, sentiu-se sozinha e sem apoio. Assim como Rose se sentia invisível para sua mãe, sua mãe também se sentia invisível para o mundo. A solidão de Rose não era apenas dela. Era um padrão transgeracional.

A grande questão agora era: como interromper esse ciclo?

Se Rose passou toda a vida tentando provar para sua mãe que merecia amor, sem sucesso, talvez o caminho não fosse mais esse. Talvez a transformação começasse em reconhecer sua própria história, dar um lugar a essa dor e entender que sua existência não precisa ser um erro a ser corrigido, mas uma vida a ser vivida plenamente.

Ao trazer à consciência essas mensagens inconscientes e entender como elas estavam moldando sua vida, Rose começou a liberar respostas interrompidas em seu sistema nervoso – aquelas que a faziam sentir que precisava se esconder, que a mantinham em um padrão de isolamento e que a levavam a buscar incessantemente um amor materno que nunca vinha.

Com esse processo, algo começou a mudar. Pela primeira vez, Rose parou de lutar para conquistar o amor da mãe e passou a direcionar sua energia para algo que estava ao seu alcance: ser uma mãe presente e conectada para seus próprios filhos.

A pergunta que fica para todos nós é: Quais mensagens absorvemos no período pré-perinatal e ainda estamos carregando sem perceber?

Se essas mensagens influenciam nossa forma de nos relacionar, tomar decisões e viver nossos projetos, o que muda quando começamos a acessá-las e transformá-las?

Transformando Padrões de Comportamento Através da Psicologia Pré e Perinatal

Compreender essas dinâmicas é o primeiro passo para a mudança. O período pré-perinatal não é apenas um conjunto de eventos do passado, mas um campo de memórias implícitas que ainda influenciam profundamente nossa vida emocional e comportamental.

Ao explorar essas vivências, podemos acessar e reorganizar padrões inconscientes, permitindo uma nova forma de lidar com desafios, relações e até mesmo com nossa capacidade de realizar projetos de vida. Em vez de nos sentirmos impotentes ou presos a ciclos repetitivos, podemos desbloquear potencialidades e transformar nossa percepção do mundo.

A Terapia Somática Pré e Perinatal como Ferramenta de Transformação

A Terapia Somática Pré e Perinatal é uma abordagem que permite acessar e compreender essas influências iniciais de maneira segura e profunda. O corpo armazena registros da vida intrauterina e do nascimento, e esses registros, quando acessados corretamente, podem ser integrados e transformados.

Essa abordagem não se limita ao entendimento racional – ela trabalha diretamente com as respostas do sistema nervoso, permitindo que padrões de defesa, medo ou paralisia sejam elaborados de forma orgânica. Com isso, conseguimos romper bloqueios, transformar crenças limitantes e criar novos caminhos emocionais e comportamentais, alinhados com aquilo que realmente queremos construir em nossas vidas.

Se você sente que alguns padrões na sua vida se repetem sem explicação ou que há algo mais profundo influenciando suas emoções e relações, há um caminho para compreender e transformar isso.

Quer se aprofundar e iniciar sua transformação?

  • A Vivência Pré e Perinatal é uma experiência imersiva para quem deseja explorar suas próprias vivências precoces e compreender como elas ainda impactam sua vida. Esse é o primeiro passo para acessar memórias inconscientes e iniciar um processo real de transformação.
  • A Formação em Cura de Feridas Pré e Perinatais – a maior da América Latina – é voltada para profissionais que desejam aprender a acessar e manejar traumas precoces de gestação e nascimento. Aqui, ensinamos técnicas para identificar, abordar e transformar essas feridas, possibilitando um trabalho terapêutico profundo e eficaz.

Seja para sua própria jornada ou para transformar a vida de outras pessoas, há caminhos para acessar e ressignificar experiências que pareciam estar além do nosso alcance.

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Uma responsta para “O Impacto Profundo do Período Pré-Perinatal em Nossas Crenças e Projetos de Vida”

  1. Nanci de Oliveira Martins disse:

    Muito complexo , mas extraordinário

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