Padrões comportamentais: como o nascimento pode influenciar a sua vida

08/03/2021
Alguma vez já se perguntou como o momento do nascimento pode influenciar a vida? Se questionou sobre como a maneira que você chegou ao mundo pode ditar alguns padrões comportamentais atuais? Existe uma enorme probabilidade de nunca ter pensado sobre isso. Sabe por quê? São poucas as pessoas que refletem sobre esse ponto de vista.
Mas, acho válido que saiba que eu, como especialista em Psicologia Pré e Perinatal, posso afirmar que existe total relação entre o nascimento e o comportamento das pessoas.
Digo isso com propriedade, pois ao longo da minha jornada de exploração nesse campo, constatei algumas disfunções que podem acontecer no nosso nascimento. E acredite: esses acontecimentos ficam impregnados em nosso ser e impactam o restante de nossas vidas.
No artigo de hoje eu quero explicar um pouco do meu ponto de vista, em como o nascimento pode influenciar a forma de ser.
O que você sabe sobre o seu nascimento?
Você nasceu em casa ou no hospital? Seu parto foi cesárea, natural ou humanizado? Que tipos de intervenções ocorreram para que você nascesse? Estava na posição correta ou não? O cordão estava enrolado?
Talvez nunca tenha se interessado em saber sobre isso de forma aprofundada. Contudo, essas informações podem carregar as respostas que você procura para alguns padrões comportamentais que têm. Sabia?
Vamos imaginar que durante a gestação, a mãe passe por muitos conflitos. Pode ser com o pai do bebê, com seus familiares, amigos, enfim. Não importa. Mas, pense em uma situação em que o ambiente em que a gestante vive, não é saudável.
O embrião, mesmo de forma inconsciente, pode interpretar que dentro do útero é um lugar seguro, mas que fora dele, não. De maneira involuntária, esse feto pode relutar para nascer.
Pode não encaixar ou se enrolar no cordão “propositalmente”, por exemplo. Ou qualquer outra situação que se apresente como um dificultador para o parto. Tudo com a intenção de não querer vir para o mundo externo.
Mas, diante do tempo médico, esse bebê já está pronto para nascer e precisa sair do útero. Com isso, pode ser necessário retirar o bebê de outras maneiras. Por cesariana, utilizando fórceps, enfim. O que pode acabar ocasionando um trauma.
E o contrário também acontece. Em uma das regressões trabalhadas, em que uma paciente havia nascido prematuramente, ficou entendido que o útero não era um ambiente saudável. A mãe passou a gestação inteira fumando. Nesse caso, estar ali dentro era muito pior que estar do lado de fora, por isso, antes do tempo previsto, aquele bebê resolveu experimentar o mundo de cá.
Assim como as vivências intrauterinas podem “definir” o parto, o nascimento pode ditar os padrões comportamentais futuros
Existe um paralelo muito grande entre o negativo e o positivo. A maneira como o bebê percebe as coisas à sua volta, exerce total influência sobre o nascimento. Assim como o nascimento em si, também dita muitos padrões comportamentais futuros. Afinal de contas, também cria aprendizados (nem sempre corretos) sobre o mundo.
Essas definições criam percepções somáticas em cada célula e o corpo armazena todas elas. São como memórias celulares que ficam impregnadas no ser e acompanham a pessoa pelo resto da vida.
Por algum motivo, muitos profissionais não se dedicam a estudar os impactos do nascimento na vida das pessoas. O motivo, é o fato de que a mielina (substância que protege os neurônios) ainda não está formada. Constantemente, isso é utilizado para justificar o fato de não haver lembranças sobre o nascimento.
Contudo, hoje é sabido que isso não pode servir como embasamento. No ano 2000 o neurocientista austríaco, Eric Kandel, recebeu o prêmio Nobel de Medicina por ter estudado o mecanismo de memória em um caracol. Ou seja, ficou comprovado de que sequer é preciso ter um córtex cerebral para que se tenha memória.
E sim, essas memórias ficam armazenadas e norteiam muitos padrões comportamentais. Pois o parto, em si, é um dos maiores desafios da vida. A maneira como cada um os enfrenta, também define muitas outras coisas futuramente.
Ter nascido é uma grande vitória, mas nem sempre quer dizer que foi “emocionalmente” completa
Quantas vezes você já ouviu o relato de uma mãe sobre o parto, dizendo ter sido doloroso e desafiador. Se foi para ela, como será que foi para o bebê? Alguma vez já tinha pensando por esse lado?
O fato de estarmos vivos, quer dizer que superamos o desafio do nascimento, claro. Mas, a maneira como isso aconteceu, nem sempre significa que completamos essa jornada da forma como deveríamos. No caso de um parto que acontece com intervenções, sejam por cesariana ou um parto normal que houve interferência, é como se o bebê não tivesse concluído o fluxo natural do nascimento.
Em uma das regressões que acompanhei, a paciente se queixava de que parecia que tudo na sua vida iniciava, mas não se concluía. Em diferentes âmbitos da vida. Ao regredir, portanto, identificamos que isso estava diretamente relacionado ao seu parto.
Dentro do útero materno, ela estava lá, se preparando para vir ao mundo, literalmente. Seu posicionamento, os aprendizados que já havia recebido sobre a vida (inconscientemente, é claro) quando de repente, sem mais nem menos, foi “arrancada” e privada de viver o seu plano de parto, conforme se preparava.
O que ficou armazenado ali, então, de forma intrínseca, foi a informação de não precisar aquilo que havia começado, que nesse caso, era o seu próprio nascimento. E isso, de certo modo, é considerado um episódio traumático. Pois os impactos que causou se estenderam até a vida adulta, e não foram positivos.
Permita-se conhecer mais sobre a sua história com uma regressão intrauterina
Há também a possibilidade de que esse trauma fique armazenado em um lugar tão profundo, que seu acesso não seja tão simples assim. E é aí que entra a grande magia das regressões intrauterinas, que além de ocasionar o entendimento sobre questões que aconteceram dentro do útero, possibilitam acessar também as informações do nascimento.
Não aquelas que sua mãe relata. Mas sim, as experiências psicossomáticas que foram experimentadas. As sensações absorvidas nesse período que ficaram armazenadas em todas as células e influenciam os seus padrões comportamentais.
Mas, poucas pessoas associam uma coisa à outra, e por isso acabam não se aprofundando em algumas questões. Apenas acreditam que sua forma de ser e agir, fazem parte da sua personalidade. E não percebem que muito disso tem relação com questões mais profundas, de contextos muito mais complexos. Afinal de contas: como a personalidade é adquirida? De onde vem os nossos aprendizados emocionais? De tudo o que acontece à nossa volta, principalmente no período pré e perinatal.
São situações inconscientes, mas que alteram o nosso estado de consciência. E, muitas vezes, as regressões intrauterinas contribuem para acessar as informações do inconsciente e ressignificá-las para que não afetem de maneira negativa a vida das pessoas.
Por isso, te convido a conhecer um pouco mais sobre a Psicologia Pré e Perinatal. Existe um mundo de informações ocultas e valiosas dentro de você, mas talvez não saiba.
Você também pode conferir o vídeo abaixo que traz relatos de pessoas que já tiveram a experiência de uma regressão intrauterina.
Muito esclarecedor, com certeza.
Sou admiradora do seu trabalho e profissionalismo!
Grata!
Muito interessante olhar as dificuldades e desafios que enfrentados na vida por esse ângulo. Nasce a curiosidade em saber como suplanta-los utilizando essa técnica.
Bom dia querido Manoel Augusto!! tenho interesse de saber mais como funciona essa abordagem!!
Excelente esplanacao de uma realidade concreta,mas que infelizmente poucos se dão conta e que isso determina todo o comportamento padrão de um indivíduo e que o faz sofrer. Parabéns pelo conteúdo! Abraços!
Segundo minha mãe meu nascimento foi horrível, não nascia, foi necessário quebrar a clavícula dos dois bracinhos e me puxarem pelos braços pois minha mãe estava com eclampse, acharam que eu estava morta e me jogaram no balcão ao lado da mesa de parto. De repente minha mãe escutou um gemidinho e avisou que o bebê estava vivo. Quando meu pai me viu pela primeira vez, disse a minha mãe que ela lhe deu uma filha feia. Quatro meses depois, estava melhor dos bracinhos tive paralisia infantil. Será que é por isso que sinto culpa pelo mundo existir?