Como ser proativo: cuidado com o lado obscuro de querer fazer sempre mais!
11/01/2021
Você sabe como ser proativo de forma saudável? Não estranhe o questionamento, pois tudo em excesso pode se tornar algo negativo e o mesmo acontece com a sua disponibilidade de querer fazer tudo o tempo todo! Seja na vida pessoal ou na vida profissional, não importa. Quando uma pessoa sente necessidade em fazer alguma coisa para se sentir útil e completa, é importante prestar atenção para ver se não há algo intrínseco nessa busca incessante em agradar as outras pessoas para se sentir bem.
É claro que se pensarmos no lado profissional, por exemplo, cada vez mais as empresas buscam por “pessoas proativas”. Então, ter essa qualidade já é uma maneira de acompanhar essas “tendências de mercado”. E como ninguém quer ficar para trás, existe uma grande procura por respostas de como ser proativo, afinal de contas, é um diferencial muito valorizado, não é mesmo?
Acontece que tudo em nossa vida precisa de um equilíbrio, até mesmo as coisas que são vistas como positivas pela sociedade. Por isso, é importante prestar atenção, pois até mesmo a proatividade pode ter um lado obscuro, principalmente se chegar ao ponto de se tornar um termômetro de felicidade ou uma obsessão.
Por exemplo: uma pessoa que costuma ser proativa o tempo todo, sempre se disponibilizando em ajudar ou resolver os problemas alheios, faz isso pelos outros, mas de certo modo também está fazendo por si. Esse perfil, precisa reforçar a sua importância, a sua qualidade em ser capaz de lidar com as situações que aparecem à sua volta e se sentir útil. Em alguns casos, quando não produzem tanto quanto gostariam, acabam se sentido frustrados por não atingir “sua meta” e não ter sido “bom o suficiente” para agradar a todos.
Mas a pergunta é: ser bom o suficiente para quem? Por qual motivo?
Para se destacar como profissional? Para que em sua vida pessoal, você seja rodeado de pessoas que apreciam a sua forma de ser? Para se sentir benquisto e importante por agradar aos outros? Ou simplesmente, porque gosta de ser assim? Aliás: gosta mesmo de ter que ser proativo o tempo todo? Esse é você em essência?
Pense um pouco sobre esses questionamentos enquanto eu trago uma experiência pessoal para que você entenda, de forma mais dinâmica, onde estou querendo chegar:
Antes de ser terapeuta, fui atleta profissional por mais de 18 anos e inclusive participei de 7 temporadas na Europa jogando tênis de mesa. Porém, ao longo dessa jornada como esportista, passei a me cobrar mais: resultado, performance, melhor condicionamento físico. Tudo precisava ser sempre melhor. Assim, quanto mais buscava por esse crescimento, mais eu fazia. Muitas horas de treino, muita dedicação e os resultados nunca acompanhavam todo o meu esforço, nunca eram como eu esperava. E lá ia eu novamente, seguir na minha busca incansável pela perfeição.
Não preciso nem dizer que essas questões me deixavam frustrado, pois meu nível de exigência comigo era muito elevado. Mesmo sendo um período em que fui campeão brasileiro e considerado o melhor atleta estrangeiro da minha categoria, ainda assim pra mim não era o suficiente. Precisava fazer mais! Isso, junto a outras questões profissionais, me causaram uma depressão muito profunda. Aos 27 anos, no auge da minha carreira, busquei ajuda na terapia convencional com renomados psicólogos na área do esporte de alto rendimento e na psiquiatria, fazendo até mesmo uso de medicamentos. Nada daquilo parecia me trazer melhorias e eu não entendia o motivo.
Foi então que comecei a conhecer melhor sobre mim
Quando me deparei com a hipnose, pude me aprofundar ainda mais nas minhas questões emocionais e percebi que não estava mais disposto a ser um atleta profissional. A partir disso, me encantei por tudo o que o autoconhecimento pode proporcionar em nossas vidas. Comecei a estudar cada vez mais sobre mim e fui compreendendo a importância de conhecer a si.
Quanto mais eu aprendia, mais descobertas fantásticas eu fazia a respeito da minha forma de ser, pensar e agir. Foi então, que em uma vivência, descobri que eu sou um gêmeo sobrevivente e que as questões relacionadas ao meu excesso de proatividade e produtividade, tinham algum tipo de ligação com esse acontecimento.
A síndrome do gêmeo sobrevivente é algo muito comum e que poucos conhecem. Porém, cerca de 40% das pessoas carregam consigo essa síndrome do gêmeo desvanecido, como também é chamada. Essa constatação se dá pelo fato de que 1 em cada 5 gestações não iniciam com um único embrião, e sim com dois. Mas, por motivos diversos, um só continua a se desenvolver como deveria. No meu caso, os reflexos desta síndrome foram atrelados ao fato de eu perder de maneira precoce a minha irmã, ainda no período inicial da gestação. E como você já sabe, essas memórias do período intrauterino exercem influência direta sobre nossos comportamentos ao longo da vida.
O meu aprendizado incorreto com esse acontecimento, foi de que, a partir daquela perda, eu deveria fazer tudo sozinho. Então, na verdade, a minha busca pela perfeição, as minhas cobranças e meus conflitos internos de sempre querer mais e produzir cada vez mais, eram reflexos dessa experiência. E quando visualizei isso de forma mais clara, as coisas começaram a ter mais sentido para mim.
Quando o “ser” passa a ser “fazer”: se faço, logo existo!
Comigo, essa síndrome se apresentou dessa maneira, mas isso não é uma regra. Cada um tem suas experiências e suas percepções, de acordo com o grau dos impactos vividos. As pessoas podem ser proativas a todo momento por uma necessidade oculta de agradar para ser aceito. Isso é muito comum nos casos em que houve algum tipo de rejeição durante a gestação, por exemplo, e também quando o convívio com os pais ou com os cuidadores precisava ser resgatado. É como se houvesse uma necessidade incontrolável de fazer o bem pelo outro para ser notado, aceito e pertencer àquele contexto.
E esse, infelizmente, é o lado obscuro da proatividade. Então, antes de pesquisar sobre como ser proativo, tente entender porque você sente que precisa disso. É para o seu crescimento ou para tentar amenizar as dores de algumas memórias enraizadas em seu ser?
Esse último questionamento leva um pouco de tempo para ser respondido, pois as respostas não são encontradas de maneira superficial. Você tem que se aprofundar muito em sua própria história, identificar o que pode ter causado impactos negativos e entender o que cada uma dessas vivências deixou de aprendizados em suas jornadas.
Não tem como ressignificar nada, se não souber com o que está lidando, por isso é fundamental conhecer sua história, seus aprendizados incorretos, seus traumas, medos e tudo o que pode influenciar negativamente a sua vida. Aí sim, saberá como ser proativo de acordo com a sua essência e sua forma de existir por você mesmo. Nunca pelos outros! Às vezes só o que você precisa é PARAR e olhar para dentro e não “fazer por fazer”.
Eu concordo com o que foi dito,
A pessoas que são engraçados,
Para chamar atenção dos outros,ou
Estão sempre pronta para ajudar
outros, uma forma de chamar atenção