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A Rejeição que Ecoa em Silêncio

A Rejeição que Ecoa em Silêncio

04/06/2025

O padrão de rejeição pode nascer de um único evento — quando esse evento é suficientemente profundo, visceral ou precoce. Um exílio do lar divino, uma tentativa de aborto, uma concepção marcada por repulsa ou medo: experiências assim, mesmo isoladas, podem imprimir no corpo e na alma uma sensação radical de “eu não sou bem-vindo aqui”.

Mas na maioria das vezes, esse padrão também é reforçado ao longo da vida, como uma colcha de retalhos de vivências — algumas conscientes, outras totalmente inconscientes — que deixam a mesma marca: “eu não pertenço”, “não me querem”, “há algo errado comigo.”

Essa construção pode começar muito antes de qualquer memória racional. Um bebê ainda no útero não entende palavras, mas sente profundamente o estado emocional da mãe, o ambiente ao redor, os vínculos (ou a ausência deles). E quando o campo emocional à sua volta está carregado de medo, rejeição, dúvida, vergonha ou desconexão, esse bebê registra isso como informação vital.

Ele não interpreta: “minha mãe está passando por dificuldades”.
Ele sente: “o mundo é um lugar perigoso”, ou pior, “eu sou o problema”.

E assim o padrão se inicia.

Esses primeiros registros não passam pelo filtro da lógica. São registros somáticos, profundos, gravados diretamente no sistema nervoso. E quando se repetem — por exemplo, um nascimento em que o bebê foi separado da mãe, ou não foi tocado com afeto, ou foi desacreditado no seu esforço para nascer — o padrão se fortalece. É como se o corpo dissesse: “tá vendo? Eu sabia. Eu não sou desejado mesmo.”

Essas experiências não precisam ser traumáticas para um adulto para deixarem uma marca em um bebê. A forma como fomos recebidos no mundo diz muito sobre o que aprendemos a esperar da vida. E é por isso que tanta gente carrega essa dor, mesmo sem conseguir explicar de onde ela vem.

E aqui entra um ponto delicado, mas fundamental: não se trata de culpar os pais.
Na grande maioria das vezes, eles também estavam fazendo o melhor que podiam com os recursos e dores que carregavam. Muitas mães não tinham apoio emocional, viviam relações abusivas, foram forçadas a esconder a gravidez, ou simplesmente não estavam prontas. E isso não as torna menos dignas de compaixão — muito pelo contrário.

Mas olhar para essas marcas não é desrespeito.
É amadurecimento emocional.

rejeição

Quando a dor começa cedo demais: histórias reais 

A seguir, compartilho duas histórias que ilustram como essas marcas se instalam profundamente — mesmo quando a pessoa não tem nenhuma lembrança consciente da rejeição inicial. 

História 1: 

O vazio que não passa Certa vez, recebi a ligação de uma mãe desesperada, de outro estado. A filha dela, com apenas 22 anos, havia tentado o suicídio duas vezes. Estava em profundo sofrimento emocional e dizia, segundo a mãe, que sentia um vazio insuportável — como se ninguém a amasse, nem mesmo a própria mãe, nem o mundo. Durante a conversa, algo me levou a perguntar: “Você chegou a pensar em interromper a gestação?” Houve silêncio. Depois de alguns segundos, ela confirmou que sim. Disse que, quando descobriu a gravidez, tentou abortar por duas vezes. Mesmo assim, a filha cresceu com uma sensação crônica de não pertencimento. De não ser amada. E a mãe me perguntou: “Será que isso ainda pode afetar minha filha hoje? Mesmo que eu nunca tenha contado nada a ela?” A resposta, infelizmente, é sim.

Quando um bebê percebe — mesmo sem palavras — que sua chegada não é bem-vinda, algo muito profundo acontece. O sistema nervoso aprende que estar vivo pode não ser seguro. E, em vez de se abrir para o mundo, se fecha. Cria estratégias para não sentir demais. Para suportar. Para sobreviver. Infelizmente, essa mãe não quis dar continuidade ao processo. Foi difícil para ela aceitar que aqueles momentos tão antigos, mesmo sem intenção de ferir, pudessem ter deixado marcas tão profundas. Mas quem trabalha com memórias precoces sabe: o corpo guarda o que a mente tenta esquecer. E aquilo que não é cuidado… segue pedindo atenção — muitas vezes, com dor. 

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História 2: 

A raiva como protesto interrompido Davi (nome fictício), 38 anos, me procurou por indicação de sua terapeuta. Empresário bem-sucedido, vivia em estado de alerta. Explodia por qualquer coisa. Estava preso a um relacionamento claramente disfuncional e não conseguia sair. Durante as sessões, vieram fragmentos mais profundos — memórias do útero. Descobrimos que sua mãe rejeitou a gravidez desde o início. E mesmo ainda sem cérebro formado, o pequeno Davi já percebia tudo: “Estou em perigo. Não sou bem-vindo.” Seu parto foi difícil. Preciso de fórceps. E aqui está um ponto crucial: a raiva que Davi carregava na vida adulta era, na verdade, um protesto interrompido. O grito mudo de um bebê que não queria ser arrancado à força de um lugar onde já se sentia rejeitado.

Com o trabalho corporal profundo, Davi começou a acessar essas camadas e, pela primeira vez, sentiu que podia nascer com escolha. “Hoje, eu posso existir sem precisar me defender o tempo todo.” Com o tempo, percebemos o quanto ele se sabotava sempre que a vida fluía — como se seu corpo dissesse: “não é seguro ser feliz.” E sua dificuldade nos relacionamentos não era sobre a parceira atual. Era uma tentativa de, finalmente, conquistar o amor da mãe que nunca veio de forma estável.

O silêncio da perda invisível: o impacto do gêmeo sobrevivente

Existe uma dor que muitos carregam sem sequer saber: a dor de ter dividido o útero com um irmão ou irmã… e depois ter ficado só.

Na prática clínica com Terapia Somática Pré e Perinatal, é impressionante a frequência com que essa experiência aparece. Estima-se que cerca de 70% das pessoas atendidas em processos regressivos tenham vivido uma perda gemelar — mesmo que essa informação nunca tenha sido confirmada pelos pais ou pela medicina tradicional. O corpo lembra. A alma lembra.

E aqui é importante dizer: nem toda pessoa que perdeu um irmão gêmeo desenvolve padrões de rejeição. Isso depende da combinação de outros fatores — como o estado emocional da mãe, o ambiente relacional, a forma como a concepção aconteceu e como a perda foi vivida internamente.

Eu mesmo perdi minha irmã gêmea ainda no processo de implantação. Mas fui desejado, planejado, acolhido desde o início. Minha chegada foi celebrada. E por isso, mesmo sentindo a ausência dela em momentos profundos, não desenvolvi um padrão central de rejeição.

Agora imagine uma pessoa que, além de ter perdido seu gêmeo, também não foi bem recebida. Que cresceu em um ambiente onde sua existência parecia um erro. Ou pior: que sente que sua mãe tentou abortar ambos, mas só ela sobreviveu.
Essa é uma dor com camadas muito complexas. E que pode deixar marcas profundas de rejeição, culpa, solidão e medo de pertencer.

O gêmeo sobrevivente muitas vezes carrega um luto que não sabe de onde vem. Uma busca constante por alguém que falta. Uma sensação de que algo está incompleto — mesmo quando a vida está “funcionando”.
É como se, em algum lugar, a pergunta “por que eu fiquei?” permanecesse viva.

E esse vazio, quando não é nomeado, pode se manifestar em vínculos ambivalentes, medo de se apegar e até sabotagem da própria felicidade — como se ser feliz fosse uma traição a quem não ficou.

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O que ativa esses padrões na vida adulta?

Talvez você esteja se perguntando: se tudo isso aconteceu tão cedo — antes da memória, antes mesmo de nascer — por que ainda dói? Por que agora, depois de tantos anos, essa ferida parece tão viva?

A resposta é: porque o corpo não esquece. E, mais do que isso, ele vive à espera de momentos que disparem antigos registros para que, finalmente, possam ser vistos, sentidos e transformados.

Padrões de rejeição costumam ficar “adormecidos” por um tempo. Eles se manifestam sutilmente — num desconforto social, na sensação de inadequação, numa ansiedade sem nome. Mas certos eventos da vida têm o poder de ativá-los com força: términos, demissões, perdas, discussões, mudanças grandes… ou até algo aparentemente banal, como não receber retorno de uma mensagem importante.

São momentos em que o sistema nervoso reconhece, em milésimos de segundos: “isso aqui é familiar”. Mesmo que a situação não tenha nada a ver, o corpo reage como se estivesse revivendo uma antiga dor. É o bebê sendo deixado na incubadora. É o feto sentindo que a mãe não o queria. É a alma ainda ferida pelo exílio espiritual da concepção.

Por isso, muitas pessoas adultas reagem de forma intensa ou “desproporcional” em certas situações. Não é imaturidade. Não é drama. É trauma.

Imagine alguém que cresceu ouvindo que foi um “acidente” ou que “veio na hora errada”. Mesmo que tenha sido criado com amor, essa frase pode ter gerado uma base silenciosa de não pertencimento. Anos depois, ao ser preterido para uma vaga de emprego, pode sentir um desespero que vai muito além da situação: seu sistema diz “eu não sirvo”, “não sou suficiente”, “não me querem”.

Da mesma forma, um parceiro que se afasta sem explicação pode despertar uma dor esmagadora numa pessoa que foi rejeitada ainda no útero. Porque não é só a ausência do outro que machuca — é a reativação da memória de ter sido deixado no início da vida, quando não havia recursos para lidar com isso.

Esses padrões também podem ser ativados por coisas boas. A chegada de um bebê, por exemplo, pode abrir a porta para memórias que estavam adormecidas. Mulheres que engravidam e passam a sentir uma tristeza sem motivo. Homens que se tornam pais e entram em crise de identidade. Pessoas que decidem se casar, mudar de cidade, abrir um negócio, iniciar uma nova fase… e, de repente, sentem medo, insegurança, um desejo de fugir ou um boicote silencioso.

Por quê?

Porque nascer é um processo. E toda vez que a vida nos convida a “nascer de novo”, também nos convida a revisitar a maneira como nascemos da primeira vez — seja literal, emocional ou espiritualmente.

Esses são os momentos em que a alma pede cura. E, se estivermos atentos, podemos perceber: não é sobre o agora. É sobre o antes.
Não é sobre o outro. É sobre a nossa própria chegada ao mundo.

Mas isso não significa que estamos condenados a repetir o passado. Significa que temos, justamente nesses momentos, uma chance de olhar para a ferida com novos olhos. De escutar o corpo com mais gentileza. De reescrever o mapa.

Porque, sim — é possível nascer de novo. Por dentro.

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Sinais de que o corpo guarda um padrão de rejeição

Nem sempre a pessoa sabe que carrega uma ferida de rejeição. Muitas vezes, ela apenas sente que algo está fora do lugar — como se houvesse um desconforto de fundo que acompanha tudo, mesmo nos melhores momentos.

Alguns sinais comuns que indicam que o corpo pode guardar um padrão de rejeição:

  1. Dificuldade em se sentir merecedor de amor ou reconhecimento.
    Mesmo recebendo elogios, amor ou validação, a pessoa sente que não é suficiente. Como se algo dentro dela dissesse: “isso não é pra mim” ou “vão perceber que eu não mereço”.
  2. Sensação constante de não pertencer.
    Em qualquer grupo, relacionamento ou ambiente, há uma sensação de estar deslocado — como se fosse diferente demais, inadequado, ou estivesse “ocupando um lugar que não deveria”.
  3. Reações intensas a qualquer sinal de afastamento.
    Mensagens não respondidas, alguém que se distancia, um feedback mal dado — qualquer coisa que soe como “não sou querido” pode acionar uma dor desproporcional, que muitas vezes vem acompanhada de ansiedade, angústia ou raiva.
  4. Medo de ser rejeitado a ponto de rejeitar antes.
    Muitas pessoas com essa ferida acabam se afastando antes de serem afastadas. Criam barreiras emocionais, sabotam vínculos, evitam se abrir demais ou terminam relacionamentos por medo de sofrer depois.
  5. Apego excessivo a vínculos instáveis.
    Paradoxalmente, quem carrega essa dor também pode se apegar a relações disfuncionais — tentando, inconscientemente, “provar” que agora será aceito, que finalmente será amado como não foi antes.
  6. Autossabotagem em momentos de crescimento.
    Quando a vida começa a fluir — surgem oportunidades, elogios, expansão — algo interno boicota. É como se houvesse uma trava dizendo: “não posso ter isso”, “não é seguro ser visto”.
  7. Dificuldade em se comprometer com algo bom.
    Relacionamentos saudáveis, projetos que exigem entrega, metas de longo prazo — tudo isso pode gerar angústia. Porque o inconsciente aprendeu que ser desejado, estar presente ou se comprometer pode doer.
  8. Corpo em estado de alerta crônico.
    A pessoa está sempre se defendendo. Seja com rigidez muscular, insônia, tensão na mandíbula, dores inexplicáveis, ou uma sensação de que “vai dar ruim a qualquer momento”. Como se precisasse estar preparada para ser deixada de novo.
  9. Sensação de vazio que não passa.
    Mesmo em momentos bons, existe um buraco emocional que nada preenche. Um vazio sem nome, que muitas vezes remete àquela sensação primordial: “não fui querido”, “não era para eu estar aqui”.
  10. Busca constante por validação.
    Há uma necessidade de ser aprovado, aceito, incluído. Não por vaidade, mas porque o sistema nervoso aprendeu que só assim será seguro existir.

Esses sinais, sozinhos, não provam nada. Mas quando aparecem com frequência — especialmente em pessoas que já tentaram de tudo e ainda se sentem assim — é hora de olhar para a origem.

A raiz pode estar antes da infância. Antes da linguagem. Antes até da memória.
Mas o corpo lembra. E é justamente por isso que também pode ser o caminho de cura.

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O que acontece quando acessamos essas memórias?

A maioria das pessoas não imagina que seja possível acessar memórias tão antigas. Afinal, como lembrar de algo que aconteceu antes do cérebro estar formado? Antes mesmo de haver linguagem?

Mas na Psicologia Pré e Perinatal e na Terapia Somática, compreendemos que o corpo tem uma memória que não depende de palavras. O sistema nervoso, desde as primeiras semanas de gestação, já registra sensações, choques, estados emocionais do ambiente — e reage a isso. Quando essas experiências foram muito intensas, precoces ou não puderam ser processadas, elas ficam registradas como padrões automáticos.

Ao longo dos anos, esses registros vão se manifestando de formas diversas: sintomas físicos, bloqueios emocionais, reações que parecem desproporcionais. E muitas vezes, por mais que se tente resolver na mente ou com compreensão racional, a dor não muda. Porque não é uma história — é uma impressão corporal.

A boa notícia é: essa memória pode ser acessada, metabolizada e transformada.

Através de abordagens que respeitam o ritmo do corpo — como a Terapia Somática Pré e Perinatal — é possível entrar em contato com essas camadas mais antigas de forma segura. O corpo não precisa lembrar de tudo. Basta que ele tenha espaço para sentir, expressar e concluir o que ficou interrompido.

Muitas vezes, o que emerge não é uma cena clara, mas uma sensação: um peso no peito, um aperto na garganta, uma tensão nos ombros. À medida que esses sinais são escutados com presença e sem julgamento, o sistema começa a confiar. E então surgem fragmentos de memória somática, emoções arcaicas, movimentos que o corpo quer completar — como um bebê que tenta se encolher, se empurrar, ou buscar contato.

A pessoa pode, por exemplo, acessar um momento em que sentiu que não era bem-vinda no útero — e pela primeira vez conseguir expressar o medo, a tristeza ou a raiva que ficaram congelados ali. Pode reviver o parto como um protesto que foi interrompido, e agora permitir que aquele grito mudo finalmente tenha voz. Pode sentir que, apesar de tudo, agora tem escolha.

E é aí que algo começa a mudar profundamente.

O sistema nervoso, que antes operava em modo de defesa crônica, começa a relaxar. O corpo deixa de lutar ou fugir o tempo todo. A pessoa sente que pode habitar sua vida com mais presença, mais confiança, mais liberdade.

O padrão de rejeição não desaparece como mágica. Mas deixa de ser um fantasma silencioso que comanda tudo por trás. Passa a ser uma história compreendida, um fragmento integrado, uma parte da trajetória — mas não mais o centro dela.

E isso muda tudo.

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Nem toda rejeição é traumática. E nem todo trauma vem da rejeição.

É importante dizer que rejeição, por si só, não é sinônimo de trauma.

Somos humanos. Em algum momento da vida, vamos ser deixados de lado, receber um não, não sermos escolhidos para algo. Isso faz parte da vida — e, quando existe sustentação emocional, maturidade e vínculos saudáveis, conseguimos lidar com essas situações sem que elas virem feridas profundas.

O que torna uma experiência potencialmente traumática não é o evento em si, mas a forma como ele é vivido — e, principalmente, a falta de recursos para processá-lo.

No início da vida, esses recursos ainda não existem. Um embrião não tem mecanismos para compreender que a rejeição da mãe talvez tenha a ver com os medos dela, ou com o contexto. Um feto não entende que o pai está ausente porque está sobrecarregado ou assustado. Um bebê que chora e não é atendido pode registrar aquilo como abandono, mesmo que a intenção nunca tenha sido essa.

Quando estamos muito pequenos, tudo o que sentimos se torna absoluto. Não existe ainda a capacidade de relativizar, contextualizar, nomear. Por isso, vivências que para um adulto pareceriam pequenas podem ser vividas por um bebê como ameaças existenciais.

E o oposto também é verdadeiro: nem todo trauma vem da rejeição.

Há traumas ligados à invasão, à medicalização do parto, à perda de um irmão gêmeo, a experiências de dor sem amparo, a intervenções abruptas. Há também traumas espirituais — como vimos — de almas que se sentiram forçadas a encarnar, ou que não tiveram tempo de escolher. Cada pessoa tem sua história. E cada história precisa ser escutada em sua singularidade.

Mas o ponto central aqui é este: a rejeição deixa marcas quando atinge um lugar muito precoce, vulnerável ou não elaborado. Quando a dor não pode ser sentida com apoio, ela fica congelada. E esse congelamento vira padrão. Vira defesa. Vira forma de viver.

E a única maneira de interromper esse ciclo é permitir que o corpo sinta — com presença, com suporte, com segurança — aquilo que antes parecia impossível de tocar.

É aí que o trauma começa a se dissolver.
É aí que a vida começa a voltar.

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Pertencimento: a ferida e a cura

No fundo, toda ferida de rejeição é uma ferida de pertencimento.
O corpo sente que não tem lugar. A alma se pergunta se errou de planeta.
E a vida passa a ser vivida como um esforço constante para se provar digno de estar aqui.

Alguns tentam se destacar, ser os melhores, agradar a todos, manter controle. Outros se retraem, desistem, se tornam invisíveis antes que sejam excluídos. Há quem se isole para não correr o risco de ser ferido outra vez. E há quem mergulhe em relações onde se sente constantemente desvalorizado — como se o amor, para ser real, tivesse que vir junto com dor.

Por trás de tantos sintomas, existe uma busca:
“Eu só quero me sentir em casa. Em mim. Na vida. No mundo.”

E essa é a chave do processo de cura.

A cura da rejeição não acontece apenas por entender o que aconteceu.
Ela acontece quando o corpo, aos poucos, começa a viver experiências novas — experiências que contradizem as marcas do passado.
Acolhimento onde houve exclusão.
Presença onde houve ausência.
Contato onde houve afastamento.

Na Terapia Somática Pré e Perinatal, usamos recursos que permitem acessar esses registros antigos, muitas vezes sem palavras, e oferecer ao sistema nervoso a chance de completar o que ficou interrompido. Às vezes, é um choro que não pôde acontecer. Um movimento que foi impedido. Uma chegada que foi cortada pela anestesia ou pela rejeição. Um protesto que virou silêncio.

E quando esses gestos são finalmente acolhidos, algo profundo se reorganiza.
Não é mágica. É fisiologia.
É como se o corpo dissesse:
“Agora sim. Eu posso ficar. Eu tenho lugar.”

Para muitos, esse momento não vem de uma grande epifania, mas de uma sensação simples e poderosa:
“Eu não preciso mais me esforçar para existir.”
“Eu posso ocupar meu espaço.”
“Eu pertenço.”

E isso não depende do mundo lá fora.
Esse pertencimento nasce dentro.

Nasce quando, mesmo diante de todas as dores que marcaram o início da vida, escolhemos ficar.
Escolhemos amar partes nossas que foram rejeitadas.
Escolhemos nos reconectar com o que é essencial.

A ferida da rejeição não precisa ser uma sentença.
Ela pode ser um chamado.
Para um reencontro consigo.
Para uma nova forma de estar no mundo.
Para uma vida onde, finalmente, você se sinta… em casa.

rejeição

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Eu vou conduzir uma aula profunda e transformadora, ao vivo, para falarmos sobre algo que nem sempre se vê, mas que se sente no corpo e na alma.

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  • O que é uma chegada fragmentada
  • Como traumas sutis da concepção, gestação ou nascimento operam silenciosamente até hoje
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    rejeição

Referências Bibliográficas

Emerson, William

  • Emerson, W. R. (1998). The Vulnerable Prenate: A Review of Prenatal and Perinatal Factors That Influence Postnatal Outcomes. Journal of Prenatal and Perinatal Psychology and Health, 13(1), 11–17.
  • Emerson, W. R. (2004). Pre- and Perinatal Psychology: An Introduction. Emerson Training Seminars.

Chamberlain, David B.

  • Chamberlain, D. B. (1998). The Mind of Your Newborn Baby. North Atlantic Books.
  • Chamberlain, D. B. (2010). Windows to the Womb: Revealing the Conscious Baby from Conception to Birth. North Atlantic Books.

Verny, Thomas R.

  • Verny, T., & Kelly, J. (1981). The Secret Life of the Unborn Child. Dell Publishing.

Janov, Arthur

  • Janov, A. (1983). Imprints: The Lifelong Effects of the Birth Experience. Coward-McCann.

Piontelli, Alessandra

  • Piontelli, A. (2002). From Fetus to Child: An Observational and Psychoanalytic Study. Routledge.

Yehuda, Rachel

  • Yehuda, R., et al. (2014). Holocaust exposure induced intergenerational effects on FKBP5 methylation. Biological Psychiatry, 80(5), 372–380.

Seligman, Martin E. P.

  • Seligman, M. E. P. (1975). Helplessness: On Depression, Development, and Death. W.H. Freeman.

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