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“Eu Não Pedi Para Nascer”: Como Experiências Prévias ao Nascimento Influenciam Sua Vida

“Eu Não Pedi Para Nascer”: Como Experiências Prévias ao Nascimento Influenciam Sua Vida

07/05/2025

Você já disse — ou ouviu alguém dizer — a frase: “Eu não pedi para nascer”?

Embora soe como uma reação momentânea de dor ou revolta, essa frase pode esconder algo muito mais profundo do que parece à primeira vista.

Se, na sua vida adulta, você enfrenta dificuldades para prosperar, manter relacionamentos saudáveis ou carrega uma sensação persistente de que “não deveria estar aqui”, é possível que a raiz desses sentimentos esteja muito antes do que você imagina — antes mesmo do seu nascimento.

A Psicologia Pré e Perinatal nos convida a olhar para o início da nossa existência de forma mais ampla. Segundo essa abordagem, nossa história não começa no parto, mas muito antes disso. As experiências vividas desde a concepção — ou até mesmo na decisão da alma de encarnar — deixam registros profundos na psique e no sistema nervoso. O útero, portanto, não é apenas um ambiente biológico, mas o primeiro campo de vínculos, percepções e significados que moldam nossa relação com a vida.

Ao longo de mais de 16 anos de prática clínica, percebi um padrão que se repete com frequência impressionante: entre 40% e 50% das pessoas que atendo manifestam, de maneira consciente ou inconsciente, o sentimento de “não queria estar aqui”. Esse conflito interno, muitas vezes silencioso e invisível até para quem o sente, pode se manifestar como uma resistência à vida — bloqueando o fluxo da prosperidade, a formação de vínculos seguros e a capacidade de se sentir realmente presente no mundo.

Mas afinal, de onde vem esse sentimento tão profundo e, muitas vezes, impossível de explicar?

"Eu não pedi para nascer!"

A História de Juliete: Quando a Vida Parece um Castigo

Juliete nunca compreendeu por que carregava, desde sempre, uma sensação de desconexão com a vida e uma tristeza profunda — uma dor sem nome, sem causa aparente. Do lado de fora, tudo parecia estar no lugar: uma carreira sólida, um marido presente, duas filhas amorosas. No entanto, por dentro, havia um vazio constante que a impedia de se sentir verdadeiramente viva.

Ela guardava esse sentimento em segredo. Tinha medo de ser julgada como ingrata ou dramática por não conseguir encontrar alegria, mesmo em meio a tantos motivos “objetivos” para estar bem. Mas algo em seu olhar — vago, distante — revelava que havia algo muito mais profundo acontecendo.

Desde o nosso primeiro contato terapêutico, senti que estávamos diante de uma camada ancestral, não acessada por abordagens convencionais. À medida que mergulhávamos na terapia somática pré e perinatal, Juliete começou a acessar memórias que vinham de antes do seu nascimento — experiências registradas em seu corpo e alma.

Durante a exploração dos estágios da pré-concepção, uma onda emocional intensa a invadiu. Ela descreveu, entre lágrimas, a sensação de estar sendo abandonada por Deus, como se tivesse sido forçada a vir para a Terra contra sua vontade — arrancada de um lugar seguro e amoroso.

O sentimento predominante era de desamparo e exílio. A vida, para ela, não parecia uma dádiva, mas uma punição. A experiência mais marcante surgiu quando trabalhamos o estágio chamado Surveillance (Vigília), descrito por William Emerson — um momento em que a alma observa, ao mesmo tempo, de onde veio e para onde está indo.

Ao “olhar para trás”, Juliete sentiu a dor do rompimento com a fonte de origem, como se tivesse sido deixada para trás. Ao “olhar para frente”, percebeu o ambiente emocional da família que a aguardava: pais desconectados entre si, ausentes afetivamente, e uma sensação nítida de que sua chegada não seria celebrada.

Foi ali que sua percepção sobre a vida se distorceu. Um filtro foi criado — um filtro que, ao longo dos anos, moldaria sua forma de ver o mundo, os vínculos e a si mesma. Essa sensação de não pertencimento passou a acompanhar sua vida adulta como uma sombra silenciosa.

Durante o processo terapêutico, ela recordou momentos em que sabia racionalmente que algo bom estava acontecendo, mas não conseguia sentir alegria. Havia uma barreira invisível que a separava da experiência positiva. E essa barreira tinha raízes muito mais antigas do que qualquer evento de sua infância.

No entanto, ao reviver essas memórias com segurança e profundidade — e, principalmente, ao compreender suas origens — Juliete começou a sentir, de fato, o amor da sua família. Passou a reconhecer, com o corpo e não apenas com a mente, tudo o que a vida já lhe havia oferecido.

Ela não apenas entendeu sua desconexão. Começou a dissolvê-la.

"Eu não pedi para nascer!"

A História de Érika: Quando o Mundo Parece um Lugar Hostil

Érika (nome fictício) chegou até mim após sofrer uma agressão verbal em seu ambiente de trabalho. O episódio, embora isolado, desencadeou nela uma sequência intensa de sintomas: noites de insônia, crises de ansiedade e uma angústia no peito que parecia impossível de aliviar — mesmo após tentar diversas abordagens terapêuticas.

Durante nosso primeiro encontro, ela contou que os sintomas haviam surgido imediatamente após o ocorrido. No entanto, o que mais a incomodava era não conseguir entender por que aquilo a havia afetado de forma tão desproporcional.

De fato, é comum que terapeutas busquem no evento atual a explicação para o sofrimento do paciente. Porém, com Érika, senti desde o início que estávamos lidando com algo mais profundo — uma dor que não nascia do presente, mas que havia sido apenas ativada por ele.

Como já havíamos explorado aspectos da sua gestação e do nascimento em sessões anteriores, decidi seguir mais adiante: sugeri investigarmos a fase da pré-concepção, aquele momento sutil e muitas vezes esquecido, mas que pode carregar impressões determinantes sobre a vida.

Fiz, então, uma pergunta simples, mas carregada de intenção:

— O que você acredita que seja o mundo para você?

A resposta veio sem hesitação e com uma emoção quase palpável:

— Um lugar de violência, discórdia e sofrimento.

Naquele instante, um arrepio percorreu meu corpo. Era como se, pela primeira vez, algo essencial — e há muito tempo contido — estivesse emergindo. Havia ali um núcleo de verdade que não podia mais ser ignorado.

Com muito cuidado, propus um pequeno experimento. Pedi que repetisse uma frase em voz alta, observando atentamente o que sentia em seu corpo:

— Eu não quero ir para este lugar de violência, discórdia e sofrimento.

Assim que terminou a frase, lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto — não um choro qualquer, mas um pranto profundo, rasgado, como se uma parede interna estivesse sendo finalmente rompida. Era o corpo liberando uma memória antiga, um não-dito ancestral.

Enquanto ela chorava, expliquei que muitas almas, ao se depararem com a realidade da encarnação, sentem-se forçadas a estar aqui — e que isso pode gerar uma resistência inconsciente à vida, à permanência, ao pertencimento.

Aos poucos, vi algo mudar em seu olhar. Era como se, de repente, tudo começasse a fazer sentido. E realmente começou.

Nas sessões seguintes, Érika relatou que as crises de ansiedade e a insônia haviam cessado completamente. Mais do que isso: ela passou a sentir uma nova relação com a vida — menos marcada por medo e defesa, e mais atravessada por presença, aceitação e abertura.

Esse processo não foi sobre “resolver” um evento traumático isolado. Foi sobre acessar a raiz mais profunda da dor — e permitir que, a partir dela, uma nova percepção sobre o mundo pudesse florescer.

"Eu não pedi para nascer!"

O Caso de Paula: A Herança Que Queria Escapar de Suas Mãos

Lembro-me com nitidez do dia em que Paula entrou na sala de atendimento. Havia uma urgência em sua voz, um tremor sutil que denunciava o quanto estava abalada. Mesmo tentando manter a compostura, seus olhos deixavam transparecer um desespero silencioso:

  • “Eu ganhei uma herança e já perdi metade do dinheiro. Por favor, me ajude a não perder a outra metade.”

Ao longo da conversa inicial, percebi rapidamente que Paula não era uma iniciante nos caminhos do autoconhecimento. Muito pelo contrário. Ela era terapeuta e há mais de dez anos facilitava constelações familiares, ajudando outras pessoas a compreenderem suas histórias e a se libertarem de padrões limitantes.

No entanto, quando o assunto era a sua própria vida, havia algo que permanecia fora do alcance — um ponto cego que ela não conseguia acessar.

  • “Já fiz várias constelações sobre prosperidade, explorei tudo que podia, mas nada resolve. Ainda sinto que estou jogando meu dinheiro fora, e não consigo evitar. Parece que tem algo mais profundo. Será que você pode me ajudar além do que as constelações conseguem alcançar?”

Paula havia recebido uma herança significativa, mas metade do valor já havia se perdido. Não se tratava de compras por impulso ou extravagâncias. Ela estava, tecnicamente, investindo. Contudo, havia uma espécie de autossabotagem sutil em jogo.

  • “É como se eu brincasse comigo mesma: ‘É aqui que vou perder dinheiro? Então é aqui que vou investir.’”

O tom era de ironia, mas por trás da piada havia uma dor real — e um padrão inconsciente pedindo para ser revelado. Era como se uma parte dela estivesse, deliberadamente, conduzindo-a ao fracasso financeiro. E, ao mesmo tempo, essa mesma parte parecia apavorada com a ideia de perder tudo.

Essa ambivalência foi o ponto de partida para uma jornada terapêutica mais profunda. Uma jornada que não passava apenas pelas dinâmicas familiares — mas mergulhava nas raízes da existência.

"Eu não pedi para nascer!"

O Que a Constelação Familiar Não Explicava

Paula já havia mergulhado fundo em seu processo pessoal. Ao longo de anos de trabalho com constelações familiares — tanto como terapeuta quanto como cliente — ela explorou com seriedade as possíveis influências transgeracionais: padrões inconscientes herdados, lealdades invisíveis, culpas familiares e toda a riqueza de informações que esse método tão poderoso pode revelar.

No entanto, apesar de tantos mergulhos, algo essencial permanecia intocado. Ainda havia um vazio, uma repetição silenciosa que nenhuma constelação conseguira alcançar.

Esse é um ponto delicado, mas importante: a constelação familiar é uma ferramenta transformadora, mas existem camadas ainda mais primitivas da experiência humana — anteriores ao sistema familiar — que escapam ao seu alcance. Foi justamente esse “algo a mais” que Paula buscava quando me procurou.

Na tentativa de abrir uma nova trilha, fiz a ela uma pergunta simples, quase despretensiosa:

— Você tem filhos?

— Sim, dois. – respondeu ela.

Foi então que Paula compartilhou algo que acendeu um alerta imediato dentro de mim:

“Desde pequenos, eu sempre dizia a eles para crescerem e se virarem sozinhos rapidamente, porque eu não ia ficar muito tempo aqui.”

Naquele instante, algo se encaixou.

Convidei Paula a fechar os olhos, respirar profundamente e, com as mãos sobre o peito, repetir em voz alta uma frase simbólica, que havia emergido com clareza:

“Tenho saudades de casa.”

O que aconteceu a seguir foi visceral.

Ela começou a soluçar incontrolavelmente, tomada por um choro intenso, primitivo, carregado de um luto que não conseguia explicar. Após alguns minutos de profunda liberação emocional, ela me olhou, ainda ofegante, e perguntou, com os olhos marejados:

— O que está acontecendo comigo?

Respondi com delicadeza, mas com firmeza:

— O que você está sentindo tem nome. No campo da Psicologia Pré e Perinatal, chamamos de Saudade do Lar Divino.

Expliquei que muitas almas, ao encarnarem, carregam dentro de si um desejo inconsciente de voltar para “casa” — como se tivessem sido arrancadas de um lugar de amor e pertencimento, e lançadas em um mundo denso, frio e desconectado.

Essa saudade não é uma lembrança racional. É uma sensação corporal, existencial, que pode se manifestar como vazio, melancolia sem causa aparente e padrões autossabotadores que, sem perceber, mantêm viva a fantasia de “voltar” — ainda que de forma simbólica.

Nesse momento, novas lágrimas vieram — mas, desta vez, acompanhadas de um brilho nos olhos. Algo havia feito sentido, não apenas intelectualmente, mas em um lugar profundo de reconhecimento interno.
— Eu sinto isso desde que era criança! – disse Paula, entre o alívio e o espanto.

A Relação Entre a Saudade do Lar e a Perda do Dinheiro

Aproveitando aquele momento de abertura, propus uma reflexão:

— Se uma parte de você sente que não pertence a este mundo e quer voltar para casa… por que você manteria o dinheiro? Para que ele serviria?

Paula ficou em silêncio por alguns segundos. Então, seus olhos se arregalaram como quem vê, de repente, o desenho completo de um quebra-cabeça antes confuso:

— Meu Deus… faz todo sentido!

Ela entendeu que perder dinheiro não era um erro de julgamento. Era uma forma inconsciente de reafirmar o desejo de partir. Afinal, o dinheiro simboliza vida, permanência, estabilidade — e, se uma parte dela não queria estar aqui, fazia sentido que outra parte sabotasse qualquer âncora que pudesse sustentá-la.

Nossa primeira sessão terminou com um alívio evidente. Pela primeira vez, Paula compreendia o que realmente estava por trás de suas escolhas destrutivas.

Mas ambos sabíamos: o processo estava apenas começando.

"Eu não pedi para nascer!"

A Transformação: Vínculo com a Vida e com a Prosperidade

Nos encontros seguintes, iniciamos um mergulho mais profundo nos traumas da pré-concepção de Paula — investigando camada por camada as raízes do seu desejo inconsciente de partir. A cada sessão, fomos ajudando seu sistema nervoso a integrar, com mais segurança e acolhimento, a experiência da encarnação.

Em um dos momentos mais marcantes do processo, surgiu uma conexão até então despercebida: a dificuldade de Paula em se vincular emocionalmente aos próprios filhos estava diretamente relacionada à Saudade do Lar Divino.
Afinal, se uma parte dela não queria permanecer aqui, como poderia realmente estar presente para os vínculos mais importantes da vida?

Com o tempo, esse vínculo começou a se transformar. Paula passou a se sentir mais conectada com os filhos — não apenas em gestos cotidianos, mas em presença real, em entrega afetiva. E, para sua surpresa, algo mais também mudou: ela não perdeu a outra metade da herança.

Pela primeira vez, conseguiu cuidar do seu dinheiro sem a compulsão silenciosa de se livrar dele. Aquilo que antes era uma batalha interna constante contra um padrão de autossabotagem transformou-se em uma nova percepção: uma relação mais consciente e amorosa com a própria vida — e com a Terra.

A Psicologia Pré e Perinatal e os Traumas da Pré-Concepção

Essas mudanças tão profundas não surgem do acaso. Elas são possíveis quando acessamos o que há de mais primitivo em nossa história: a origem da jornada da alma rumo à vida terrena.

O psicólogo William Emerson identificou 17 estágios da pré-concepção — momentos sensíveis que antecedem até mesmo a fecundação. Cada um desses estágios representa um marco na travessia entre planos e pode ser vivido de forma extática, neutra ou profundamente traumática, dependendo da história única de cada ser.

A seguir, destaco alguns desses estágios e como eles podem moldar nossa experiência de vida:

  • Surveillance (Vigília): É o momento em que a alma percebe de onde veio e para onde está indo. Quando o ambiente familiar futuro parece frio, desolado ou hostil, pode surgir uma resistência visceral ao nascimento — um “não” silencioso à vida.

  • Choque de Separação: Muitas almas relatam, em estados regressivos, a sensação de terem sido arrancadas de uma realidade de unidade e lançadas em um mundo de separação e incerteza. Isso pode dar origem a padrões profundos de medo, ansiedade e sensação de abandono.

  • Dúvida e resistência à encarnação: Há almas que, ao perceberem a densidade do plano terreno ou a energia da família que as espera, sentem que não querem vir — mas, de alguma forma, não têm escolha. Essa vivência pode se cristalizar em comportamentos de fuga, descomprometimento com a própria jornada e dificuldades constantes de se engajar na vida com plenitude.

Esses estágios, muitas vezes desconhecidos, guardam respostas para dores que não conseguimos explicar. Quando acessados com segurança, tornam-se chaves poderosas para a reconexão com o corpo, com o propósito e com o pulsar da vida.

"Eu não pedi para nascer!"

Embora muitas dessas experiências ocorram antes mesmo da concepção, seus efeitos podem se prolongar silenciosamente por toda a vida adulta, influenciando decisões, comportamentos e a forma como nos sentimos no mundo.

Esses traços não surgem de forma evidente, mas se revelam como padrões inconscientes que atravessam diversas áreas da existência. Veja alguns exemplos:

  • Dificuldade em prosperar

  • Dificuldade em criar vínculos saudáveis

  • Sentimento de não pertencimento

Esses padrões não são falhas de personalidade — são respostas coerentes a experiências muito anteriores à nossa memória consciente. Quando compreendemos suas raízes, abrimos espaço para uma nova forma de viver: mais integrada, mais livre e mais conectada com o sentido de estar aqui.

Principais Experiências Relacionadas à Pré-Concepção

Saudade do Lar Divino: A Busca Incessante por Algo que Não se Pode Nomear

Muitas almas escolhem encarnar com consciência, mas carregam dentro de si uma saudade inexplicável — uma sensação de nostalgia por algo que não conseguem nomear. Trata-se de um sentimento profundo de deslocamento, como se tivessem deixado para trás um lar verdadeiro e, desde então, vivessem em exílio.

Essa ausência interior pode se manifestar de diferentes formas: uma busca incessante por completude através de viagens, espiritualidade, relações intensas ou conquistas materiais. No entanto, por mais que alcancem metas e experiências significativas, a sensação de plenitude parece sempre escapar, como se algo essencial ainda faltasse.

Com o tempo, esse vazio pode levar a uma busca espiritual intensa. Muitas pessoas se lançam na tentativa de compreender Deus, reencontrar um estado de unidade ou simplesmente sentir que pertencem a algo maior. Essa jornada, embora nobre, muitas vezes nasce de uma dor silenciosa — o desejo profundo de “voltar para casa”.

Sentimentos como esses, mesmo que inconscientes, acabam moldando decisões, vínculos e até o sentido de propósito que damos à vida. Reconhecer essa saudade e compreender suas raízes não é apenas terapêutico — é um passo fundamental para ancorar-se verdadeiramente na experiência terrena, com mais presença e significado.

Arrependimento da Escolha: Quando a Alma se Desencanta com a Vida

Por outro lado, há almas que iniciam sua vinda à Terra com entusiasmo e clareza de propósito. Chegam com a sensação de missão, prontas para viver, contribuir e crescer. Porém, ao longo do caminho — especialmente na fase da pré-concepção — algo muda.

O arrependimento, nesse caso, não surge da decisão de encarnar, mas da percepção do ambiente ao qual estão prestes a chegar. Ao se conectarem com a energia da família que as receberá, muitas almas sentem um desencanto profundo, como se a realidade que encontram não estivesse à altura do que imaginaram ou desejaram.

Esse sentimento pode ter diferentes origens:

  • O impacto do ambiente familiar:
    Quando a alma percebe que está sendo acolhida por um campo familiar emocionalmente desconectado, marcado por traumas ou espiritualmente empobrecido, pode sentir que não encontrará o suporte necessário para expressar seus dons. O contraste entre sua intenção e a realidade pode gerar frustração e um desejo inconsciente de recuar.

  • A carga transgeracional:
    Se a família carrega um histórico denso de sofrimento, exclusão ou padrões destrutivos, a alma pode sentir-se sobrecarregada logo de início. A missão parece pesada demais, e o medo de perder sua própria luz no meio dessa densidade pode levar à dúvida e ao arrependimento.

  • A perda de um gêmeo:
    Há também casos em que duas almas escolhem encarnar juntas como gêmeos, mas apenas uma chega até o fim da gestação. A perda dessa companhia pode ser devastadora. Como esses vínculos são profundos e, muitas vezes, carregam uma missão compartilhada, a alma sobrevivente pode sentir que sua jornada perdeu o sentido. O luto, ainda que inconsciente, marca profundamente a experiência de encarnação.

Quando esse tipo de imprinting se estabelece, os efeitos acompanham a vida adulta em forma de sensações difíceis de nomear — uma constante impressão de estar no lugar errado, uma dificuldade em se comprometer com a própria jornada ou uma resistência a florescer e prosperar, mesmo quando tudo parece favorável.

Contudo, ao reconhecer as origens desse desencanto, é possível reescrever a própria história de vinda ao mundo. Esse movimento interno permite encontrar novas formas de pertencimento, recuperar o sentido de estar aqui e, sobretudo, escolher viver com mais entrega, apesar dos desafios iniciais da jornada.

Sensação de Abandono Cósmico ou Exílio Divino

Para algumas almas, a transição do plano espiritual para a vida terrena não é apenas um processo de adaptação, mas uma experiência profundamente dolorosa. Muitas relatam um desejo inexplicável de “voltar para casa”, como se tivessemsido arrancadas à força de um lugar de paz e segurança e lançadas em um mundo caótico, hostil e desconectado. Essa sensação pode se manifestar como uma angústia silenciosa, um vazio interno que nada parece preencher.

Diferente da saudade do lar divino, que pode coexistir com uma aceitação da vida terrena, o exílio divino é marcado por uma sensação de rompimento – como se a alma tivesse sido separada de sua verdadeira morada contra sua vontade. Esse sentimento pode surgir de diversas maneiras:

  • Choque com a densidade do mundo físico – A transição do plano espiritual, onde tudo é unidade e conexão, para um mundo marcado por limitações, dores e separação pode ser sentida como uma queda abrupta, uma perda de liberdade e plenitude.
  • Sensação de não pertencimento – Desde cedo, a pessoa pode se sentir deslocada, como se não se encaixasse em nenhum grupo, família ou sociedade. Há uma sensação persistente de que “não era para estar aqui”, o que pode levar a dificuldades em construir vínculos profundos e em encontrar sentido na vida.
  • Desconexão com o propósito de vida – Quem carrega essa marca pode sentir que está vivendo sem direção, sem um propósito claro ou motivação genuína para seguir em frente. O mundo pode parecer desprovido de sentido, levando a períodos de apatia, crises existenciais e até mesmo depressão.
  • Busca incessante por algo que falta – O sentimento de exílio pode se refletir em uma busca constante por algo que nunca é encontrado. Muitas vezes, essa busca se manifesta na espiritualidade, como uma tentativa de “voltar para casa” através de práticas, estudos ou experiências místicas. Porém, sem integração, essa jornada pode se tornar uma fuga da realidade ao invés de um caminho de transformação.

Resistência ao Nascimento

William Emerson observou – e minha prática clínica confirma – que choques e traumas vivenciados na fase da pré-concepção frequentemente impactam a forma como uma alma chega ao mundo. Quando a jornada para a encarnação é marcada por medo, arrependimento ou choque com a energia da família que a receberá, essa resistência pode se manifestar no próprio nascimento, resultando em partos prolongados, intervenções médicas intensas ou posições fetais atípicas.

Um exemplo comum que encontrei ao longo dos anos são clientes que nasceram em posição pélvica. Em muitos desses casos, a sensação relatada nas regressões é semelhante a um protesto contra a vida, um desejo profundo de não seguir adiante, como se o próprio corpo expressasse fisicamente a relutância da alma em nascer. Para essas pessoas, a chegada ao mundo já foi uma experiência de luta e resistência, e esse padrão muitas vezes se reflete ao longo da vida, gerando dificuldades em se engajar plenamente na realidade, resistência ao comprometimento e uma sensação subjacente de que “não era para estar aqui”.

A resistência ao nascimento não é apenas uma experiência física, mas um reflexo de camadas profundas do ser. Quando acessamos essas memórias por meio da terapia somática pré e perinatal, é possível trazer compreensão e reorientação para esse padrão, ajudando a pessoa a encontrar mais aceitação e fluidez na experiência de estar viva.

David Chamberlain e as Memórias da Consciência Antes do Nascimento

David Chamberlain demonstrou que os bebês registram memórias antes mesmo da concepção e podem acessá-las em estados regressivos.

  • Algumas crianças relatam que escolheram seus pais antes da concepção, descrevendo detalhes surpreendentes sobre o que observaram antes de serem concebidas.
  • Outros pacientes relatam lembranças de suas mães antes da concepção – seu estado emocional, seus desejos ou receios.
  • Muitos descrevem sensações de alegria ou desespero no momento da fecundação, dependendo da energia presente no ambiente.

Esses registros não são apenas psicológicos – são armazenados no sistema nervoso e no corpo.

Reconectando-se com a Essência Verdadeira

Ao explorar essas questões profundas, é essencial compreender que não estamos apenas acessando memórias do passado, mas sim abrindo caminho para uma reconexão com nossa essência mais autêntica. A terapia somática pré e perinatal permite ressignificar essas experiências precoces, ajudando a dissolver padrões inconscientes que podem estar limitando sua vida. Não se trata apenas de “curar” traumas, mas de restaurar a integridade do ser, permitindo que a pessoa se sinta inteira e pertencente à sua própria existência.

Esse processo não se resume a olhar para a dor – trata-se de criar espaço para novas possibilidades. Quando liberamos essas marcas profundas, abrimos caminho para enxergar a vida com mais clareza, abundância e conexão genuína. O sentimento de “não queria estar aqui” pode se transformar em “eu escolho estar aqui e viver plenamente”, permitindo uma experiência de vida mais rica e significativa.

A integração dessas camadas é um passo essencial para a transformação. Isso não significa negar os desafios, mas sim olhar para eles com consciência e acolhimento, entendendo que cada experiência pode ser um portal para a expansão do ser. A aceitação da jornada – com todas as suas complexidades – é o que nos permite realmente estar presentes para a vida.

Como Superar Esses Conflitos Profundos?

Para muitas pessoas, esses sentimentos são difíceis de nomear. Em muitos casos, há apenas um vazio inexplicável, acompanhado de uma resistência sutil à vida ou até mesmo uma sensação persistente de deslocamento. Muitas vezes, é apenas no aprofundamento terapêutico que se torna possível reconhecer esse padrão e compreender sua origem.

Sendo assim, identificar esses sentimentos é apenas o primeiro passo. A verdadeira transformação ocorre quando conseguimos trazer essas experiências para a consciência e reorganizá-las em nosso sistema. Não significa reviver o trauma, mas sim dar a ele um novo significado, permitindo que a energia antes bloqueada flua livremente para a vida.

A prosperidade, por exemplo, não está ligada apenas a dinheiro, mas também à capacidade de se abrir para receber o que a vida tem a oferecer. No entanto, para uma alma que sente que “não deveria estar aqui”, muitas vezes há uma desconexão com essa energia do receber – afinal, por que prosperar, criar vínculos profundos ou se comprometer com a vida, se no fundo existe um desejo de voltar ao lar original? Por isso, essa compreensão vai muito além do desenvolvimento pessoal tradicional, pois toca nas bases mais profundas da nossa existência.

A Psicologia Pré e Perinatal como Caminho de Cura

A Psicologia Pré e Perinatal nos oferece um olhar ampliado sobre essas questões, permitindo acessar as camadas mais primordiais do ser e desbloquear áreas da vida que parecem estagnadas.

No meu trabalho somático, desenvolvi uma vivência de três dias, onde, em um ambiente seguro e profundo, ajudamos as pessoas a acessar e transformar as experiências que ocorreram antes do nascimento. Muitas vezes, os participantes se surpreendem ao perceber que carregavam esses sentimentos por toda a vida, sem saber que existia um caminho para resolvê-los.

Ao acessar essas memórias corporais e emocionais, torna-se possível liberar os bloqueios que impedem o fluxo natural da vida, permitindo que o indivíduo se sinta mais inteiro, conectado e aberto para o novo.

Conclusão

Se você sente que a Terra é um lugar de dor ou experimenta um desejo inconsciente de “não estar aqui”, pode ser um sinal de que sua história precisa ser explorada com mais profundidade. Esse não é apenas um sentimento isolado – é um chamado para olhar para dentro e transformar padrões que foram registrados muito antes da sua memória consciente.

A jornada de cura e reconexão começa quando nos permitimos acessar nossas camadas mais profundas e resgatar o que ficou perdido no caminho da encarnação. 

Se você deseja dar esse passo, convido você a conhecer nossa Vivência Pré e Perinatal, um processo profundo e transformador para quem deseja acessar, compreender e reorganizar sua relação com a vida desde as suas raízes mais profundas.

🔗 Entre em contato com nossa equipe para as próximas turmas!

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📖 Referências Bibliográficas

  • Emerson, W. (2001). Pre- and Perinatal Psychology: An Introduction to Prenatal Imprinting and Early Trauma Healing.
  • Chamberlain, D. (1999). Babies Remember Birth: And Other Extraordinary Scientific Discoveries About the Mind and Personality of Your Newborn.
  • Chamberlain, D. (2013). Windows to the Womb: Revealing the Conscious Baby from Conception to Birth.

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