Circular de cordão: conheça mais um dos traumas intrauterinos

07/06/2021
Você deve saber que alguns bebês nascem com circular de cordão, quando o cordão umbilical está envolto ao pescoço. Aliás, a título de curiosidade, esse fato muitas vezes é apontado como indicativo de parto cesárea, por conta do risco que pode representar.
Não vamos debater isso agora, mas vale lembrar que hoje em dia já sabemos que esta não é uma justificativa real. Essa observação serve apenas para complementar o conteúdo anterior que falamos sobre os principais choques e traumas do parto.
No entanto, quando pensamos na circular de cordão, por algum motivo, sempre levamos para o as questões e os riscos físicos que o fenômeno pode ocasionar. Além disso, existe tendência de acreditar que uma circular de cordão está relacionada apenas ao cordão enrolado no pescoço, mas não é bem assim. Qualquer local em que ele se enrola no bebê, é considerado uma circular de cordão. E não necessariamente precisa que seja até o final da gestação. Muitos fetos se enrolam e desenrolam.
Mas se eu te disser que qualquer tipo de circular de cordão pode deixar impactos emocionais e resíduos somáticos, você acredita? Espero que sim!
Sendo especialista em Psicologia Pré e Perinatal, não poderia deixar de falar sobre isso. Apesar de sempre ser relacionada como um risco físico e colocar em risco a vida do feto, existem marcas emocionais profundas advindas de um cordão umbilical enroscado. Portanto, essa experiência também é considerada um dos traumas intrauterinos possíveis.
Por isso, no artigo de hoje eu quero contar quais os principais impactos negativos que essa situação pode causar na vida de quem experiência esse trauma.
A importância do cordão umbilical
Primeiro preciso falar um pouco sobre o quão mágico e importante é o cordão umbilical. Como você já deve saber, é por meio dele que o bebê tem acesso a todos os nutrientes indispensáveis para o seu desenvolvimento.
E, de certo modo, é ele quem estabelece um vínculo direto com a mãe, de quem esse feto depende de todas as maneiras para que sua formação seja completa. Além disso, o bebê se relaciona com o cordão o tempo inteiro, interagindo e brincando. Outro fato curioso que pode ser observado tanto em regressões quanto em ultrassonografias é que o bebê aperta o cordão quando há um nível de toxicidade mais elevado. Normalmente quando a mãe tem algum tipo de pico de ansiedade, isso é bem comum. Pois o impacto disso pode ser comparado ao consumo de 600 xícaras de café.
No entanto, essa interação também diz respeito aos nossos aprendizados emocionais, ao que nós temos como referência de ser e sentir, e ditará muito de nossos comportamentos futuros.
Podemos considerar qualquer tipo de enrosco, nó ou limitação que o cordão umbilical imponha. Da mesma maneira que tudo o que acontece à volta do feto deixa marcas em seu ser, não seria diferente com algo que ocorre dentro do útero, não é mesmo?
Por diversas vezes, você já deve ter me ouvido falar ou lido os meus conteúdos sobre o assunto. Afinal de contas, estudando a Psicologia Pré e Perinatal, cada vez mais percebo os reflexos de todos os nossos aprendizados precoces em comportamentos futuros.
Características comuns de quem sofre circular de cordão
Como você sabe, existem alguns comportamentos característicos em pessoas que passam por determinados episódios traumáticos. No caso de uma circular de cordão, os mais comuns são:
Tendem a ser pessoas mais dramáticas
“Aquilo que está me dando a vida, está me matando”. Esse provavelmente é o primeiro dilema enfrentado por quem vive uma circular de cordão. No caso de estar enrolado no pescoço, ao mesmo tempo que leva os nutrientes indispensáveis para a sobrevivência, sufoca o bebê.
Esse dilema é crucial e muito somático, porque é algo que afeta o nível da sobrevivência e existência. Algo está ameaçando a vida quase na mesma proporção que o permite viver!
Portanto, as pessoas geralmente são mais dramáticas ao lidar com situações cotidianas. Digo isso com base no que venho acompanhando ao longo de todos esses anos explorando a Psicologia Pré e Perinatal.
As pessoas costumam ser mais dramáticas por não terem aprendido a lidar bem com algumas emoções. Por conta disso, uma situação estressante pode engatilhar uma série de comportamentos nocivos.
Apresentam uma apatia muito grande na vida ou falta de energia
Uma circular de cordão pode fazer com que as pessoas tenham uma apatia muito grande na vida. Falta energia, porque um trauma desse tipo é capaz de “congelar” o sistema nervoso. Muitas vezes o pré-nato precisa se submeter àquela situação e ficar estático, imóvel. É como se a pessoa tivesse que se esforçar constantemente para conseguir ter mais energia. Mas diferentemente disso, acaba se esgotando ainda mais.
O evento acontece porque, ao se movimentar muito, aquele cordão poderia apertar ainda mais. E não somente isso: fica uma sensação de imobilização, já que o bebê fica incapacitado de se mover. À medida que isso acontece, são criados aprendizados até mesmo somáticos, e na vida adulta podem ser reproduzidos.
Por conta disso, algumas pessoas têm mais dificuldade de reagir a determinadas situações.
“Ficando paralisado, quieto, estou mais seguro.”
Evitam blusas de gola alta ou colares apertados
Diversos pacientes que atendo e que sofreram com a circular de cordão relatam uma aversão em usar blusas de gola alta. O mesmo vale para colares mais apertados. Por motivos óbvios, sentem como se estivessem sendo sufocados. É um desconforto real e muito grande a ponto de não conseguirem usar esse tipo de roupa ou acessório.
Medo de morrer asfixiado
Isso não é um medo, é um pânico, um terror! Nas minhas conduções, por exemplo, é necessário engatilhar algumas situações advindas de choques e traumas para que possamos explorar a memória e o comportamento dependente de estado.
Muitas vezes, nos deparamos com algum acontecimento que nos remete ao trauma vivido e aflora diferentes atitudes. Passar por estas mudanças e momentos, muitas vezes, traz influência para que possamos reorganizar o sistema diante dessas situações.
Portanto, eu costumo aproximar as minhas mãos do pescoço da pessoa, como se fosse apertar. Cada um reage de uma maneira diferente, engatilha sensações distintas dentro de si, de acordo com o nível e intensidade que este trauma deixou suas marcas.
Aliás, se você só de imaginar essa cena se sente desconfortável, talvez seja interessante se aprofundar sobre a sua vivência intrauterina.
Quer dizer que ter esses comportamentos significa que sofri circular de cordão?
Como sempre tento esclarecer, se identificar com um ou mais desses comportamentos são apenas indicativos de que a pessoa tenha passado pelo trauma de circular de cordão. No entanto, existem outros aspectos que precisam ser explorados. Mesmo as pessoas que sabem que nasceram com uma circular de cordão e acreditam não ter sofrido impactos, devem investigar melhor essa história. Diante de toda a minha experiência, não houve sequer um caso que não tenha deixado resquícios dessa experiência.
Além disso, se você acompanha os meus conteúdos, já sabe que existem traumas intrauterinos anteriores a esse: trauma da pré-concepção, choque da descoberta, tentativas ou pensamentos abortivos e choque do gênero.
Isso quer dizer que a própria circular de cordão pode ser um reflexo de algum choque ou trauma vivido antes disso. As recapitulações existem e podem reforçar ou amenizar todas as experiências pelas quais passamos.
Outra questão que deve ser considerada é que nós somos seres únicos. Mesmo passando exatamente pelo mesmo processo, pelo mesmo tipo de trauma, a maneira como nós lidamos e reagimos a isso é completamente diferente.
Mesmo que existam semelhanças, as histórias são uma só e devem ser exploradas individualmente. Portanto, a única maneira de saber se você realmente passou por algum tipo de trauma intrauterino é se aprofundar em sua própria história.
E isso vai muito além de perguntar para os seus pais como foi o período gestacional, esse questionamento ajuda a entender algumas coisas, mas não é o suficiente para conhecer verdadeiramente sobre você mesmo.
Quer esclarecer mais dúvidas? Entre em contato comigo e conheça o M.I.R.E.
Tenho alguns indicativos como não suportar gola alta, não usar nada que se aproxime do meu pescoço. Sou viciada em remédio para desentupir o nariz, é uma sensação muito desconfortável ficar com o nariz entupido. Não me vem nenhuma sensação nem olhando a foto, nem lendo o texto.
Esse artigo me causou um choro profundo. Vieram vária lembranças de vida que provam como é importante se atentar a esses detalhes se realmente quiser se transformar e ser um ser mais completo e livre. Toda dor traz muitos tesouros ocultos para quem se atreve a se aventurar nessa jornada… Gratidão por me ajudar a ser alguém melhor a cada dia!!!!!
Boa Noite Manoel,
Gostei muito do que aqui foi escrito, a cada dia aprendemos mais sobre a gestação e o nascimento. Não sabia que tudo isso era tão crucial no inicio da jornada de uma pessoa.
Para mim, tudo isso está sendo muito novo.
Obrigada por todos os teus conteúdos.
Eu me identifiquei com todas as características apresentadas no texto. Tenho outras características que tenho certeza que também tem relação com a minha vida intrauterina, mas não tenho uma comprovação. Como podemos fazer para ressignificar tudo isso? Fiquei bastante interessada!
qual o tratamento indicado para quem teve a circular de cordão?
grata
Muito bom o texto, me identifiquei com as características, sinto minha vida travada e ao mesmo tempo não tenho força para reagir, meu instinto me leva sempre a ficar parado, assim estarei seguro. Tenho sensação de estar sempre com algo no pescoço me sufocando, já fui em alguns médicos e fiz exames, não encontramos nada. Me sinto incapaz, sempre tenho uns jnstindo que não vou conseguir, e tenho medo de coisas novas.
Meu filho do meio tinha circular de cordão e mesmo sabendo disto pra mim foi mais dificil saber na hora q eram tres voltas! Isto dificultou muito o periodo expulsivo foi um terror pra mim. E ver a imagem me trouxe tristeza !! Dor …..Um impacto no meu peito. !!
Sim, tudo bem! O problema já existe e ou existiu, mas qual a solução????